Coimbra: Carreirismo profissional prejudica o casamento

Jornadas de Teologia foram dedicadas ao mundo familiar

Coimbra, 28 Fev (Ecclesia) – A docente da Faculdade de Psicologia de Coimbra, Filomena Gaspar, considera que o aumento dos divórcios e a diminuição dos casamentos passa pela actual opção em prol do “carreirismo” e a aposta na vida profissional.

A especialista falava nas Jornadas de Teologia do Instituto Superior de Estudos Teológicos (ISET) de Coimbra, que decorreram entre 25 e 26 de Fevereiro, tendo como pano de fundo a situação da família no mundo actual.

Segundo a investigadora da Faculdade de Psicologia da Universidade de Coimbra “é um desafio para Portugal” encontrar soluções para que a “família seja um local de parentalidade”.

Sobre as soluções a adoptar, Filomena Gaspar defendeu “licenças para quem ficar em casa a cuidar dos filhos ou dos idosos” ou alguns “incentivos fiscais”.

Para Jorge Cotovio, do Secretariado da Pastoral Familiar da diocese de Coimbra, falando sobre o tema «Desafios à Pastoral Familiar frisou que “é preciso implementar acções para motivar a criação de Equipas da Pastoral Familiar”, porque, refere, “cabe ao padre, mas também aos leigos, ajudar a defender o casamento, quer no acompanhamento de futuros casais, baptismo dos filhos”.

Ao fazer referência à Doutrina Social da Igreja, Jorge Cotovio lamentou que esta “é uma mensagem muito bonita mas, por vezes, é transmitida por palavras bolorentas”, sublinhando que “é preciso escutar, é preciso acompanhar a família cristã, dar-lhe um sorriso e uma palavra de esperança”.

José Carlos Carvalho, professor da Universidade Católica Portuguesa-Porto, disse que “Deus e a família dizem-se e redizem-se. Deus diz a família e a família diz Deus”.

Depois de analisar vários textos do Antigo testamento e do Novo Testamento em que, colocando como fundo, o conceito de «tenda» (Deus levantou uma tenda para morrer no meio do seu povo) afirmou que “Deus arma a tenda na nossa condição familiar, tornando-se familiar a nós”.

A família como início da caminhada cristã foi o ponto de partida da prelecção de João Duque, professor da UCP-Braga.

“É na família que aprendemos a ser cristãos”, salientou o conferencista, porque a família também nos introduz em outros domínios como a linguagem, as regras da sociedade e os valores humanos.

A família não se constrói “exclusivamente a partir da biologia, mas especialmente, a partir do exercício da responsabilidade da ética, que é o cuidar do outro”, disse, por seu lado, Juan Ambrósio, professor da UCP-Lisboa.

“O cuidado pela felicidade do outro, ajudá-lo a habitar o espaço, o tempo e empalavrar”, implica uma ética assimétrica, gratuita, da promoção do outro, salientou este docente da Universidade Católica de Lisboa. Para Juan Ambrósio é “urgente fazer este itinerário pela Família”.

«Famílias desestruturadas: que respostas?» foi o tema apresentado pelo padre Adelino Guarda, professor da instituição que organizou as jornadas.

Como a vida do casal nem sempre é de festa, os sacerdotes católicos devem “estar atentos à realidade da comunidade” e “procurar apoiar situações de “desespero” e dificuldade na vida do casal.

No que se refere ao divórcio, o padre Adelino Guarda salientou que “nas actuais condições quem não pode participar plenamente na vida sacramental da Igreja sofre e também sofre quem, sentindo-se chamado à vida familiar, se esforça por viver a fidelidade ao seu matrimónio cristão, mesmo estando separado”.

MC/AA/LFS

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