África: Vaticano preocupado com «resistência» à «grande revolução» no mundo árabe

Lisboa, 28 Fev (Ecclesia) – O director da Sala de Imprensa da Santa Sé considera que “as violências” causadas pela “resistência à extensão do movimento de transformação política nos países árabes”, particularmente na Líbia, constituem “fonte de grandíssima dor pelo sofrimento” das populações.

“Certamente, nos muitos países interessados trata-se de uma grande revolução, que, com olhos de esperança, especialistas internacionais vêm como uma possível ‘primavera do mundo árabe’”, referiu o padre Federico Lombardi, citado pela Rádio Vaticano.

No entender do responsável, que falava na edição de domingo do programa “Octava Dies”, da rede de televisão do Vaticano, as transformações na sociedade devem ser acompanhadas por um relacionamento amigável entre povos e culturas.

“Se aqui perto de nós existem numerosos jovens que anseiam pelo crescimento humano e maior liberdade, não podemos deixar de fazer tudo o que for possível para entrar em diálogo com eles, sem medos, aprendendo reciprocamente as nossas línguas diferentes”, afirmou.

Depois das manifestações que, nas últimas semanas, levaram à queda do poder na Tunísia e no Egipto, prosseguem protestos em países como a Líbia, onde o regime de Muammar Kadhafi tem reprimido violentamente os manifestantes.

Por seu lado, o representante da Santa Sé nas Nações Unidas, em Genebra, disse esta quinta-feira que a instabilidade política em alguns países do Norte de África “torna urgente reafirmar que a principal responsabilidade do Estado é proteger os direitos fundamentais dos cidadãos”.

“A crise actual na Líbia é particularmente preocupante, por causa da perda injustificada de vidas humanas, o ataque a civis e manifestantes pacíficos e o uso indiscriminado de força”, sublinhou o arcebispo Silvano Tomasi.

O prelado disse que a delegação da Santa Sé na ONU “apoia qualquer tipo de esforço, no sentido de unir em diálogo honesto as forças governamentais líbias e as populações descontentes, para evitar uma escalada de violência, vingança e intimidação”.

Silvano Tomasi teme especialmente pelo futuro das populações mais vulneráveis, os refugiados ou trabalhadores imigrantes ilegais vindos da África subsaariana, que se podem tornar “bodes expiatórios de frustrações acumuladas”.

RM

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