Coimbra: Bispo lamenta impacto social da suspensão do metro do Mondego

«Perdeu-se o que se tinha e nada se deu para o substituir», diz D. Albino Cleto sobre o fim do comboio e a interrupção das obras do metropolitano

Coimbra, 12 Jan (Ecclesia) – O bispo de Coimbra lastima as consequências da desmontagem dos carris da via-férrea que ligava a Serpins à capital do Mondego e a recente suspensão das obras do metro, que haveria de substituir o comboio.

“O aparecimento desta situação, em que perdeu-se o que se tinha e nada se deu para o substituir, foi um desarranjo para a vida familiar e social. Lamento isso”, afirmou o prelado em declarações à Agência ECCLESIA.

D. Albino Cleto defende que o Governo criou expectativas que não foram cumpridas, embora sublinhe que a sua posição pretende acentuar os “efeitos sociais” do problema, e não o “lado político”.

“Tínhamos uma linha de caminho-de-ferro que ligava Coimbra até Serpins, passando por Miranda do Corvo e Lousã, regiões que cresceram por muita gente ter comprado e alugado casa nestes concelhos, em virtude de os custos serem mais baratos”, realçou.

“Arrancados os carris – prosseguiu – a população ficou à espera do metro, cheia de esperança”, embora tenha desaparecido a perspectiva, “para já e para longuíssimo tempo, da construção de qualquer coisa.

O prelado recusa avançar com uma alternativa para o problema: “O problema foi, sem dúvida, financeiro. Compreendo-o. Mas com consequências sociais muito grandes. Não pertence ao bispo dizer qual deve ser a solução”, ou seja, “se deve apressar-se a construção do metro ou retomar-se a solução de via-férrea”.

“O problema foi, sem dúvida, financeiro. Compreendo-o. Mas com consequências sociais muito grandes”, afirmou o bispo de Coimbra, vincando que há diferenças entre o comboio e o autocarro, meio escolhido para percorrer o trajecto antigamente coberto pelos caminhos-de-ferro.

D. Albino Cleto ecoou o descontentamento de alguns passageiros dos autocarros, que se queixam de nunca saberem a que horas conseguem chegar ao destino.

Cerca de mil pessoas, entre as quais os presidentes das câmaras de Miranda do Corvo, Lousã e Coimbra e o deputado socialista Horácio Antunes, manifestaram-se a 8 de Janeiro frente à Assembleia da República, em defesa do ramal ferroviário da Lousã.

O movimento reivindica a ligação sobre carris como existia antes do início do processo do Metro Mondego, cuja sociedade o Governo quer extinguir e integrar na Refer (empresa pública responsável pela infra-estrutura da rede ferroviária), salvaguardando “a promoção do seu objecto social”.

No início de 2010 o Governo ordenou a retirada dos carris da via-férrea, de modo a preparar a construção do metro de superfície.

RM

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