Educação: Crise económica é oportunidade para «nova escala de valores», defende bispo de Santarém

«Os candidatos a governantes fizeram promessas insustentáveis de benefícios sociais e económicos», denuncia D. Manuel Pelino

Santarém, 10 Jan (Ecclesia) – O bispo de Santarém considera que “a crise pode e deve tornar-se um apelo para educar para um novo estilo de vida e para uma nova escala de valores”.

Em nota publicada este Domingo no site da diocese, D. Manuel Pelino considera que as gerações mais novas vão ser herdeiras de piores condições económicas e sociais, por causa de promessas não cumpridas e do “esquecimento” pela transmissão de princípios morais.

“Os candidatos a governantes fizeram promessas insustentáveis de benefícios sociais e económicos”, como a melhoria constante dos ordenados, reformas e condições do Estado social, escreve.

O prelado reconhece que “o nível de vida e o bem-estar material melhoraram” mas “todos estes benefícios não têm pernas para andar”, e as pessoas que acreditaram nessas promessas “iludiram-se”.

Por outro lado, Portugal viveu “demasiado para o lucro imediato e fácil” e “muitos colocaram o êxito económico como o grande objectivo da vida ao qual tudo se sacrifica”, denuncia.

A “ostentação” de uma “fachada de riqueza fictícia”, conseguida em parte devido ao “dinheiro virtual” proveniente dos empréstimos, que agora têm de ser pagos, conduziu a população a descobrir, “com amargura”, que o crescimento económico “foi uma ilusão e um engano”.

D. Manuel Pelino está convencido que as gerações mais novas vão ser herdeiras de “desemprego”, “ordenados mais baixos” e “perspectivas pouco animadoras sobre o futuro do Estado social”, mas salienta que “a alegria de viver não depende só nem principalmente da economia”.

A ameaça sobre o futuro dos jovens é acentuada pela desatenção de “muitos educadores e pais”, que, “demasiado absorvidos pelos valores materiais e económicos, esqueceram a educação da consciência moral e a transmissão de princípios éticos que estão para além das modas”.

Ainda que não fosse possível legar um “melhor nível de vida” às novas gerações, teria sido pelo menos importante “transmitir-lhes um património moral”, considera o prelado, que vê “com tristeza” parte da juventude a viver com “ausência de referências e de valores morais”.

“Vemo-los instalados num individualismo forte e influenciados pelo relativismo moral em moda que dilui as fronteiras entre bem e mal, habituados a que lhes apareça tudo feito”, refere D. Manuel Pelino.

No entender do prelado, o ambiente em que os jovens vivem, caracterizado pela “leveza com que se recorre ao divórcio”, a “falta de respeito pela vida nascente” e “a ausência de amor e de confiança na vida e nos outros”, não facilita a “formação ética e humanista”.

Para o bispo de Santarém, “o que dá gosto e beleza à vida é a paz, a justiça, o amor, a confiança mútua”, valores de uma “herança que todos os pais, educadores, cristãos e pessoas de boa vontade, podem e devem transmitir às novas gerações”.

RM

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