1.Introdução
A Visita Pastoral é uma das formas, confirmada pela experiência dos séculos, com a qual o bispo mantém contacto pessoal e presença mais prolongada com o clero e com os outros membros do Povo de Deus.
É uma ocasião de reavivar as energias dos obreiros do Evangelho, de os encorajar, confirmar e agradecer. É também a oportunidade de chamar todos os fiéis à renovação da vida cristã e a uma actividade apostólica e missionária mais intensa.
A Visita Pastoral permite ao bispo diocesano, além disso, avaliar a eficiência das estruturas e dos instrumentos destinados ao serviço da acção pastoral, dando-se conta das dificuldades e conhecendo os caminhos de evangelização para poder definir melhor as prioridades e os meios da acção pastoral.
Em síntese, é um momento privilegiado para o bispo melhor conhecer e amar aqueles a quem o Espírito de Deus o chamou a servir.
De acordo com o Directório para o Ministério Pastoral dos Bispos, o bispo deve preparar-se de forma adequada para fazer a Visita, procurando conhecer antecipadamente a realidade social e religiosa de cada paróquia. Tais dados podem revelar-se úteis para ele e para os Serviços Diocesanos.
2.Momentos e contexto da Visita Pastoral
De acordo com a experiência pastoral do bispo, com a tradição da diocese e com as expectativas e propostas concretas de cada arciprestado, a Visita Pastoral deve proporcionar momentos de encontro pessoal com os párocos, com os diáconos, com a Comunidade Religiosa, com os Conselhos Pastorais, com os Conselhos Económicos e outras Instâncias de vida e de acção pastoral, assim como com os Movimentos de Igreja. As crianças e os jovens da catequese e das escolas assim como as famílias e os agentes de pastoral devem merecer tempo e oportunidade de reflexão, partilha e diálogo com o bispo. A presença junto dos doentes e a atenção aos que sofrem são realidades a que o bispo deve manifestar a sua proximidade e solicitude.
São essenciais os momentos celebrativos em que o bispo reze com o seu povo e celebre a fé e os sacramentos com as comunidades: «Bispo para vós e irmão convosco”, lembrava Santo Agostinho aos seus diocesanos, no norte de África.
3.A dimensão paroquial, arciprestal e diocesana da Visita pastoral
A Visita pastoral deve ser preparada, programada, realizada e vivida sempre no contexto de uma Comunidade paroquial, inserida e plenamente integrada num Arciprestado e sentindo-se parte integrante de uma Igreja local – a Diocese. Por isso, também, as Visitas Pastorais são uma das formas mais significativas de sustentabilidade e realização dos Planos Diocesanos de Pastoral, assumidos sempre como imperativo e prioridade, permitindo-nos avaliar a sua adopção e implementação no terreno concreto da acção pastoral paroquial, arciprestal e diocesana.
A presença demorada do bispo diocesano em cada arciprestado deve oferecer aos sacerdotes e aos fiéis leigos uma ocasião privilegiada de ver reunida à volta do bispo, dos presbíteros e diáconos toda a Igreja diocesana na sua beleza e plenitude.
Importa valorizar esta ocasião como um impulso para ultrapassar as barreiras da paróquia de forma a descobrir cada vez mais o valor do arciprestado, como sinal de unidade e de comunhão entre paróquias e o rosto da Igreja diocesana.
Isso mesmo devem sentir os sacerdotes, como membros de um só presbitério em torno do seu bispo. Assim o devem viver as comunidades para quem é necessário promover cada vez mais este sentido de unidade arciprestal e de comunhão eclesial.
A presença na Comunidade revela a importância e a beleza do testemunho da comunhão da Igreja à volta do seu bispo e da unidade da Igreja Universal com o Santo Padre, o Papa.
Momento de particular significado é o encontro do bispo com os sacerdotes onde a amizade se fortalece, a unidade se testemunha e a comunhão de verdadeiros irmãos se consolida. O bispo reunido com os seus sacerdotes deve saber louvar o testemunho de vidas dadas a Deus, conscientes de que «amar a Deus é servir», como nos lembra o lema da nossa diocese, inscrito no seu brasão. A gratidão aos sacerdotes de hoje implica por parte do bispo, dos sacerdotes e das comunidades um esforço renovado de dinamização da pastoral vocacional para que surjam neste arciprestado vocações para a vida sacerdotal e consagrada, semeando hoje com generosidade e persistência para que no futuro se possa colher com abundância.
Esta unidade e comunhão passam também por uma sintonia plena com as orientações pastorais da Diocese, que devem sempre ser acolhidas e interpretadas como imperativo de serviço à Igreja. O anúncio do Evangelho, a catequese, a formação cristã, a vida litúrgica, o serviço da caridade, a presença e a proximidade em relação a todos e as iniciativas pastorais convergem para a edificação da Igreja.
4.O rosto missionário da Igreja e o diálogo com o mundo
A Visita Pastoral deve afirmar a prioridade dada à missão, no anúncio corajoso do Evangelho com novo ardor, novos métodos, renovada alegria e acrescido entusiasmo. A evangelização é o primeiro e maior serviço que a Igreja pode prestar ao mundo. A missão está no âmago da Igreja. A missão não é exclusivo de ninguém. O bispo deve ser o primeiro a dar este exemplo e a assumir esta prioridade de confirmar na fé os que acreditam, de anunciar o Evangelho aos que não crêem, de acolher com espírito fraterno os que procuram Deus e se abrir em diálogo construtivo com o mundo e com a cultura do nosso tempo.
Neste contexto inserem-se oportunidades e iniciativas que vão para lá dos tempos celebrativos, dos espaços religiosos e das actividades estritamente do âmbito eclesial.
Quero ir ao encontro de todos numa atitude de abertura dialogante e de corresponsabilidade solidária na construção conjunta do bem comum. De todos e com todos os que vivem e trabalham em Oliveira do Bairro, independentemente das suas convicções religiosas, acredito que é sempre muito mais o que nos une do que o que nos separa.
Também aqui me sinto enviado, a exemplo do Santo Padre Bento XVI, a convidar todas as pessoas a fazerem da vida lugares de beleza e a descobrirem quanto Deus e a Igreja nos podem ajudar a tornar o mundo mais belo, mais justo e mais fraterno.
5.Um olhar de esperança
Iniciámos há dois dias o novo ano. Sabemos das dificuldades e dos dramas que a pobreza, o desemprego, a insegurança e o medo perante o futuro nos trazem. A Igreja quer estar presente no caminho comum que urge fazer. Queremos ser Igreja renovada na caridade, educadora da fé e fortalecida pela oração que apresentando-se com humildade e simplicidade lugar de esperança para o mundo.
A Igreja deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para vencer o desalento de uns, o medo de outros e a pobreza de muitos. Aqui está a Igreja no meio de vós e convosco como sinal de esperança e sacramento de salvação.
A Visita Pastoral assume-se, assim, como um momento pastoralmente marcante de um encontro com as pessoas e de percurso das comunidades deste arciprestado de Oliveira do Bairro, da Diocese de Aveiro, convocadas e reunidas pelo seu bispo.
Este percurso será marcado, dia a dia, ao longo de vários meses, por pessoas, acontecimentos, dinamismos e instituições que configuram o nosso caminho e a nossa história, alicerçam os objectivos pastorais do nosso Plano Diocesano de Pastoral, perspectivam desde já o Jubileu Diocesano e fazem de nós Igreja «casa e escola de comunhão», alicerçada solidamente em Jesus Cristo, de quem nos sabemos discípulos e nos sentimos enviados em missão.
Aqui celebraremos alguns momentos maiores da nossa vida diocesana, como seja o Dia Diocesano dos Catequistas e a Jornada Mundial da Juventude. Teremos celebrações de âmbito paroquial e de dimensão arciprestal. Umas e outras dizem respeito, ainda que de modos diferentes a todos nós. Esta é a hora de a todos convidar para estes momentos e de convocar os cristãos, crianças, jovens e adultos, famílias e instituições e sobretudo todos 1os agentes de pastoral para a oração e para a acção que a Visita Pastoral deseja promover e propor.
6. Da oração à acção
Que o Espírito de Deus nos congregue neste esforço comum de renovação pastoral ao serviço da evangelização.
Agradeço a todos quantos desde há vários meses preparam esta Visita pastoral e rezam pelos seus frutos e agradeço, e agradeço ao GIDA (Gabinete de Imprensa da Diocese) e a todos os seus membros na pessoa dos Padres José Carlos Lopes e José António Carneiro pela atenção e desvelo com que prepararam esta apresentação pública da Visita Pastoral.
Confio a Nossa Senhora, Mãe de Jesus e Mãe da Igreja, o trabalho a realizar para que a Visita Pastoral, que hoje aqui formalmente anuncio, constitua uma bênção para as Comunidades e para o Arciprestado de Oliveira do Bairro.
7.A Igreja, átrio da fraternidade
Rezo a Nossa Senhora com as palavras da Carta Pastoral dos bispos portugueses «Como eu vos fiz, fazei vós também»:
“Dá-nos, Senhor,
Um coração sensível e fraterno,
capaz de escutar
e de recomeçar.
Mantém-nos reunidos, Senhor,
À volta do pão e da palavra.
Ajuda-nos, Senhor, a discernir
Os rumos a seguir
Nos caminhos sinuosos deste tempo,
Por ti semeado e por Ti redimido.
Ensina-nos a tornar a Tua Igreja
Toda missionária,
E a fazer de cada paróquia,
Que é a Igreja a residir no meio das casas
Dos teus filhos e filhas,
Uma Casa grande, aberta e feliz,
Átrio de fraternidade,
De onde se possa ver o céu,
E o céu nos possa sempre ver a nós.”
Oliveira do Bairro, 3 de Janeiro de 2011
+António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro