Mensagens de Natal deixam apelos à solidariedade e à mudança de modelos socioeconómicos
O contexto de crise socioeconómica e a perspectiva de um 2011 ainda mais difícil marcam as mensagens de Natal que vários bispos portugueses têm vindo a publicar, com apelos à solidariedade e à mudança de modelos económicos.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. Jorge Ortiga, destaca as actuais “dificuldades” e considera que a celebração do Natal deve ser “para as pessoas com um pouco de conciscência social, um momento de compromisso”.
No canal de vídeo mais popular da Internet, o Youtube, o arcebispo de Braga pede “mais justiça”, uma nova “ordem social” e um “desenvolvimento integral”, pedindo que”a crise seja ultrapassada, com a esperança”.
Também através do Youtube, D. Manuel Quintas fala em “inquietação e incerteza”, apelando à “corresponsabilidade na esperança” face à “gravidade da situação actual”, comprovada pelo aumento dos pedidos feitos à Cáritas.
O bispo do Algarve diz que todos se devem “empenhar em eliminar as causas desta crise”, num “empenho colectivo” de que ninguém, sublinha, está dispensado.
O arcebispo de Évora, D. José Alves, lembra os problemas criados “desemprego”, a “pobreza inesperada” e o “rebaixamento social e moral”.
O prelado, vogal da comissão episcopal de Pastoral social, deixa aos católicos um apelo concreto: “De braços estendidos e mãos abertas, partilhemos os bens materiais, os afectos e os dons espirituais com que fomos enriquecidos pela bondade de Deus, que se manifestou neste mundo, para a todos enriquecer com os seus bens”.
Pedido semelhante chega do bispo de Santarém, D. Manuel Pelino: “Sejamos uma presença amiga para quem sofre a solidão, prestemos atenção a quem está esquecido, levemos o sorriso a quem anda triste, estendamos a mão a quem jaz caído, procuremos curar as feridas de quem sofre, manifestemos a nossa fé a quem vive sem esperança”.
Em Coimbra, D. Albino Cleto, pediu aos católicos desta diocese que procurem respostas concretas para a “pobreza envergonhada”, em particular junto das pessoas que passam estes dias sem dinheiro e sem companhia.
“Que ninguém fique, por falta de dinheiro, sem aviar uma receita na farmácia; que nenhum dos que vivem sós passe a Noite de Natal sem comer um mimo, que o seu vizinho lhe trouxe”, propõe.
Também o bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, espera que “ninguém fique indiferente à situação actual”, apelando a uma mudança “pessoal e social” face à crise.
“Celebrando o Natal, não podemos esquecer as causas de uma crise com tão graves consequências nem os seus efeitos que fazem sofrer tantas e tantos, de todas as idades e de todas as condições sociais”, assinala.
O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, apelou aos membros do clero e aos leigos da Diocese para que contribuam com “vinte por cento do seu vencimento mensal” para a Cáritas diocesana ou para o fundo social solidário criado pela Conferência Episcopal.
Já o bispo das Forças Armadas e de Segurança pede que as pessoas não se conformem enquanto subsistirem os casos de injustiça social, pois “só a justiça poderá conferir a Paz”.
Numa mensagem intitulada “Jesus Menino, Sorriso de Deus para a Humanidade”, D. António Carrilho, bispo do Funchal apela a “generosa atenção” aos que vivem “em situações de abandono e solidão”, lamentando a “incerteza” provocada pela crise.
D. António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro, considera que cabe à Igreja levar à sociedade “a certeza que a esperança pode habitar no coração de todos” e que as dificuldades se podem transformar em oportunidades.
Os números dos abortos em Portugal são lembrados por D. Antonio Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco, para quem o Estado fugiu “ao seu dever de defender e respeitar o direito de todos à vida, sobretudo dos mais frágeis e indefesos”.
Estas mensagens de Natal podem ser consultadas no portal da Agência ECCLESIA, na secção “documentos”.