Em 2011, amanhã, já… é necessário uma ruptura: que ofereça o protagonismo à pessoa na construção da história; e o primado a Deus no seu desígnio.
Mesmo com o ano novo ainda longe, muitas vozes se foram juntando na rejeição ao que aí vem. Os votos de felicidade alteravam-se por resistências à novidade, normalmente referência de esperança.
Em 2011, temem-se cargas fiscais, cortes salariais, perda de emprego, incapacidade de cobrança, dívidas, tumultos sociais, manifestações. E com razões de sobra para reais preocupações pessoais e familiares.
Após cada negócio, programa ou projecto, orçamento de Estado ou de muitas famílias, os resultados pretendidos parecem mais distantes e a contabilidade descobre crescentes fragilidades.
Nessas circunstâncias, ganham relevo sentenças já afirmadas e só agora ouvidas, que apontam para a necessidade de mudar de hábitos, comportamentos e atitudes. Em causa estão formulações simples mas profundas. E por isso tardam em encontrar tempo e espaço de realização: é necessário aprender a viver com menos e a repartir os recursos disponíveis por todas as pessoas.
Os dias do consumo deram espaço crescente às “folhas de cálculo”. Até não há muito tempo, o dinheiro disponível via-se, era palpável: algum gastava-se, outro juntava-se para projectos que, por vezes, só se cumpriam em idades adiantadas. Hoje, entregam-se esses cálculos à informática, que fornece fórmulas e equações para todas as necessidades. Não só sobre o dinheiro que existe, como também sobre o que não existe. E todo se pode gastar.
Por outro lado, as empresas fazem depender a direcção de negócios dessas fórmulas virtuais, devidamente programadas por “alguém”. Não existe o rosto, o percurso pessoal e profissional, as competências ou fragilidades. Apenas fórmulas, onde cada pessoa se inclui porque é um número ao serviço de outro número: o lucro.
Continuando esta lógica, não haverá, de facto, razões para a esperança.
Em 2011, amanhã, já… é necessário uma ruptura: que ofereça o protagonismo à pessoa na construção da história; e o primado a Deus no seu desígnio. E se fundamente no valor da relação como o princípio de uma nova ordem pessoal e mundial: a relação sincera com a própria pessoa, com os outros e com O transcendente.
E a folha de cálculo será de igual forma necessária. Mas, no sistema operativo para o próximo ano, o Excel 2011 surgiria com novas fórmulas e novos “filtros”: percentagens para descontos e cobranças que respondam imediatamente à contingência; e limites para as trocas comerciais e operações financeiras que coloquem em causa a construção do bem comum.
Paulo Rocha