Moçambique: Missionários algarvios lançam projecto de construção de Centro de Moagem

Ana Poupino, Miguel Abrunhosa e Daniela Luz são três missionários algarvios que iniciaram no último Verão, através da congregação das Franciscanas Missionárias de Maria, um projecto de colaboração com Moçambique que se intitula Boluka Kua Zua, expressão que significa Nascer do Sol.

Os dois primeiros, funcionários da Câmara de Lagos, respectivamente assistente social e gestor de recursos humanos, e a terceira, educadora social oriunda de Lagoa, querem promover a construção de um Centro de Moagem no Centro de Saúde de Nhaconjo, na Diocese da Beira, que conta já com maquinaria doada por uma organização.

Depois de terem regressado de Nhaconjo, uma povoação satélite da cidade da Beira, onde estiveram, durante o último mês de Agosto, juntamente com Daniela que ainda lá continua, Ana e Miguel trabalham agora, a partir do Algarve, na sensibilização para a angariação de fundos para a construção de um edifício que permitirá às famílias moçambicanas o acesso à farinha a um baixo custo.

As receitas conseguidas a partir desse serviço servirão para melhorar a alimentação das crianças do Centro Nutricional Maria da Paixão do Centro de Saúde de Nhaconjo.

Com vista à angariação dos 10 mil euros que dizem ser necessários para a construção do edifício da moagem, criaram um blogue na internet (http://bolukakuazua.blogspot.com) e editaram uma colecção de 22.500 postais e marcadores de livro ilustrados com fotografias que fizeram durante o Verão e que têm procurado vender nas escolas e paróquias do concelho quando ali vão divulgar a sua experiência missionária e o projecto que lhe dá sentido.

“Criámos uma conta bancária e estamos a ver se o que pensámos vai sendo cumprido passo a passo. Temos andado alegremente atarefados, mas a perseguir os objectivos”, explica Miguel Abrunhosa em entrevista à «Folha do Domingo», assegurando que “tem havido muito interesse” e que “as pessoas estão muito receptivas”.

Ana Poupino refere que nas paróquias “tem sido estimulante a adesão dos jovens quer a este trabalho missionário, quer na constatação do seu desejo de também partirem como missionários, pois outro objectivo é a continuação da ida de missionários para a continuidade dos projectos”.

“Ver chegar mais pessoas com vontade de participar é uma felicidade porque, quando faltarmos, alguém há-de continuar”, complementa Miguel Abrunhosa que explica a metodologia usada.

“Nas paróquias apresentamos uma breve projecção e os sacerdotes até nos têm deixado intervir na Eucaristia. Temos também uma exposição de fotografias e apelamos ao contributo das pessoas no final. Estamos com os moçambicanos e não é por estarmos aqui fisicamente que deixamos de estar com eles constantemente. Por isso, a missão continua”, refere.

Os missionários asseguram que há já muita gente entusiasmada com o projecto, desde logo familiares e amigos, e que têm já materiais difundidos pelo Norte e em Lisboa. “Já temos donativos de Arcos de Valdevez, Guarda, Trancoso, Coimbra e Lisboa”, adiantam.

Os voluntários explicam ainda que a continuidade da missão em Moçambique após o regresso foi sempre um pressuposto para a mesma e que o projecto que agora existe resultou do percurso e das ideias que foram surgindo no terreno.

A esperança do regresso é também um dos desejos acalentados. “Custou-nos muito regressar porque ficámos muito unidos ao povo moçambicano e à sua forma de estar. Queremos regressar mas temos de reunir as condições para isso”, referem.

Para mais informações: boluka.kua.zua@gmail.com

Samuel Mendonça

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