Associação dos Padres do Prado

Emanuel Valadão Vaz

A Associação dos Padres do Prado é fruto de uma graça concedida pelo Espírito Santo à Igreja na pessoa de Antoine Chevrier, padre da diocese de Lyon, para a Evangelização dos pobres.

A graça do Prado é algo que nos é dado, gratuitamente, não é nosso, nem partiu de nós. A vocação do Prado nasce no seio da Igreja e é uma graça que deve ser posta ao serviço da mesma. É na Igreja que cresce a nossa vocação pradosiana de discípulos e apóstolos de Jesus. O Prado não existe para si mesmo, mas para a Igreja.

 

O padre António Chevrier

Nascido a 16 de Abril de 1826 e ordenado em 1850, o padre António Chevrier foi logo nomeado coadjutor da paróquia de Santo André de la Guillotière, bairro industrial e operário da cidade de Lyon, França. Três coisas aí o marcaram e fizeram-no sofrer muito: a miséria e ignorância das pessoas, agravada pelas inundações catastróficas do Ródano em fins de Maio de 1856; o distanciamento do clero em relação às mesmas; a sensação nítida de que a pastoral utilizada pela Igreja local não servia. “Um pouco menos de devoção e um pouco mais de fé”, dizia.

Alguns meses depois, deu-se um acontecimento, que ele apelida de místico-apostólico. Conta ele: “Foi meditando durante a noite de Natal sobre a pobreza de Nosso Senhor e sobre a sua descida para o meio dos Homens que resolvi deixar tudo e viver o mais pobremente possível… Foi o mistério da Encarnação que me converteu!… Então decidi-me a seguir Nosso Senhor Jesus Cristo mais de perto. E o meu desejo é que vós próprios sigais de perto Nosso Senhor”.

António Chevrier estava convicto de que a “formação de sacerdotes e catequistas, consagrados à evangelização dos pobres, era a grande necessidade da época e da Igreja”. E para isso, só sacerdotes pobres estariam em condições de o fazer: “Sacerdotes despojados (vivendo o Mistério da Encarnação – Presépio); crucificados (vivendo o mistério da Cruz – Calvário) e dados em alimento (vivendo o Mistério da Eucaristia – Tabernáculo).

Um princípio fundamental: “Conhecer Jesus Cristo é tudo”

O Prado (Instituto secular), desenvolve uma espiritualidade de padre diocesano tendo como pilares fundamentais: O Estudo do Evangelho; A releitura de vida à luz do Evangelho; A vida em equipa, a vida fraterna; O padre Chevrier guia neste caminho.

 

João Paulo II na Capela do Prado

Aquando da Beatificação do padre António Chevrier na capela do Prado, 4 de Outubro de 1986, o papa João Paulo II dizia: “Através do Padre Chevrier, quero render homenagem a todos os apóstolos que se fazem bom pão para o seu povo: operários, desempregados, imigrados, população dos bairros de lata e das favelas, camponeses do terceiro mundo… Estes homens e estas mulheres têm necessidade de padres e de cristãos inteiramente consagrados ao Evangelho, que procurem responder à sua fome de pão, de dignidade e sobretudo de Deus.”

A festa do padre António Chevrier celebra-se a 2 de Outubro, dia do aniversário da sua morte.

 

150º aniversário da fundação do Prado

A 10 de Dezembro de 1860, António Chevrier aluga uma casa no limite da paróquia de Santo André. Esta casa servira até à altura de sala de dança. Era o «baile do Prado», como parece que lhe chamavam, por imitação dum dancing parisiense com o mesmo nome. Aliás as iniciativas apostólicas de António Chevrier terão esse nome, sem que ele se canse à procura de outro nome mais conveniente ou mais piedoso. Mais tarde, incentivado pelo bispo da diocese, comprou a casa para aí desenvolver a sua obra: acolher crianças filhas de operários a fim de fazer deles “homens e cristãos”. Ao mesmo tempo outra questão mais importante continuava a preocupar António Chevrier. Não podia ter por objecto somente a catequese de algumas crianças. Tinha descoberto uma necessidade apostólica de dimensões mais vastas. O seu projecto essencial é reunir uma família de apóstolos decididos a fazer tudo para que o Evangelho fosse anunciado aos pobres.

 

O Prado em Portugal

O Prado chegou a Portugal através do padre Manuel António Pimentel (Diocese de Angra) nos anos sessenta, em pleno concílio Vaticano II. Depois foi dando a conhecer a outros padres da sua diocese e de outras dioceses do país.

Actualmente somos dez padres comprometidos no Prado e dois a fazer a primeira formação. As dioceses a que pertencemos são: Angra, Braga, Coimbra, Santarém e Setúbal. Reunimo-nos mensalmente por equipas e realizamos todos os anos um retiro aberto a todos os padres diocesanos.

O dom do Prado é, igualmente dado a conhecer aos leigos. De alguns anos a essa parte temos vindo a reunir com alguns grupos, trimestralmente, no sentido de conhecerem mais Jesus Cristo através dos meios do Prado, como seja o Estudo do Evangelho. Desde 2002 realizamos um encontro anual com leigos.

 

 O Prado internacional

Existem cerca de 1200 padres com compromisso no Prado repartidos por 40 países. Maior parte dos “pradosianos” trabalham em paróquias, com uma atenção particular para com aqueles que se encontram nas mais variadas situações de pobreza pelo mundo fora.

Uma grande parte colabora na formação apostólica dos leigos, que são também chamados a ser discípulos de Jesus Cristo, por exemplo, abrindo com eles o Evangelho. Um número muito importante de entre os pradosianos dá tempo e apoio fraterno, na animação ou na formação de padres sob diversas formas.

 

Emanuel Valadão Vaz, responsável do Prado em Portugal

 

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