Jornada de Teologia Prática reflecte sobre importância das narrativas para o cristianismo
A identidade pessoal é influenciada pelas grandes e pequenas narrativas, e o mesmo acontece com a fé cristã, que pode também ser pensada a partir dos itinerários biográficos que exprimem a adesão a uma crença.
Para Paulo Pires do Vale, um dos conferencistas do painel “Tempo e narrativa”, integrado na 2.ª Jornada de Teologia Prática que hoje se realiza na Universidade Católica, em Lisboa, “a nossa forma de ser, enquanto humanos, é condicionada pela existência de histórias”.
As narrativas “ficcionais, mitológicas e bíblicas, ou as que nos contam da nossa infância “moldam a nossa história”, superando um “passado fechado” e abrindo-se ao “futuro”, disse o docente universitário à Agência ECCLESIA.
Neste sentido, a identidade pessoal, onde se inscreve a biografia crente, está permanente inacabada, na medida em que o “eu não está para lá da vida e do mundo, mas faz-se e conta-se neles”.
A condição crente revela-se num “si expandido, que contém as histórias dos outros e que conta a sua história a partir dessas histórias”, revelando que a alteridade e a diferença fazem parte da identidade pessoal.
O padre João Eleutério, um dos três conferencistas do painel, baseou a sua intervenção nos vídeos das entrevistas realizadas pelo jornalista Filipe d’Avillez a doze padres que exercem o seu ministério em Portugal.
“Tentei perceber, naquela amostra de amostras, como o ministério presbiteral se entende à luz da forma como é capaz de contar a sua própria experiência”, referiu o docente da School of Christian Studies, de Macau.
Ao analisar as histórias de vida dos sacerdotes, encontrou convergências nas singularidades: a pequena narrativa – história pessoal – integra-se sempre numa grande narrativa – a História da Igreja”, explicou o vice-reitor da Universidade de São José, que também notou a importância do “outro” nas opções de vida dos padres entrevistados: “ninguém é para si próprio”.
Depois de constatar a importância da Eucaristia e da Bíblia na vida dos sacerdotes, o padre João Eleutério afirmou que principal conclusão das biografias é o facto de elas ecoarem “uma identidade institucional” da Igreja.