Serviço Jesuíta aos Refugiados faz 30 anos

Neste dia 14 de Novembro assinalam-se os 30 anos da fundação do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), criado a 14 de Novembro de 1980, pelo então padre geral da Companhia de Jesus, Pedro Arrupe, e que desde então se espalhou por mais de 50 países em todo o mundo.

Com o lema “Acompanhar, Servir e Defender”, a organização jesuíta presta apoio a todos os refugiados, deslocados à força e migrantes em situação de risco. Em Portugal, a JRS começou por se dedicar à transmissão de conhecimentos e informações para os refugiados, entre 1992 e 1998, sobretudo no campo legislativo, em matérias como a lei de asilo ou de imigração.

De acordo com o director da JRS-Portugal, a conjuntura que se seguiu levou a que esta organização da Igreja Católica tivesse que redefinir a sua rede de serviços. “Quando a JRS foi criada em Portugal, estávamos longe de imaginar que, 10 anos depois, iríamos trabalhar directamente no apoio aos imigrantes”, declara André Costa Jorge, em declarações à agência ECCLESIA.

No entanto, o que se passou foi que, segundo aquele responsável, os últimos 10 anos marcaram muito a sociedade portuguesa, em termos de imigração, com cerca de quase meio milhão de pessoas, que vieram de países que já tinham tradição de encontro com Portugal, mas também de outras paragens, do Leste da Europa e da Ásia.

“Indivíduos que não falavam português, que não sabiam o que iriam encontrar em Portugal e foi aí que entrou em acção o JRS, através do apoio jurídico, por exemplo, à legalização, porque a grande maioria vinha de forma irregular, sem visto próprio”, explica o director da JRS-Portugal, recordando que “ a situação daqueles imigrantes era muitas vezes precária e sujeita a abusos e a explorações”.

Presentemente, o apoio à integração dos imigrantes e a ajuda na procura de condições dignas de empregabilidade são as duas áreas em que a JRS nacional tem vindo a apostar de forma mais efectiva, em estreita parceria com organismos públicos e organizações não governamentais.

André Costa Jorge destaca, sobretudo, “a colaboração dos voluntários que, muito generosamente, dão o seu tempo e o seu trabalho e emprestam uma força de grande qualidade.

A crise que tem afectado Portugal e a Europa tem provado ser um duro teste para os imigrantes e refugiados que se encontram no nosso país. “É fácil, é histórico, nas alturas de aperto, descartar aqueles que são estranhos, que aparentemente não pertencem a determinada sociedade” lamenta o líder da JRS-Portugal, salientando que “nenhum país cresce se não atrair a imigração”.

“É a chamada auto-regulação da imigração, os imigrantes vão para onde têm emprego e salário, tem coisas que lhe podem dar melhorias significativas, que compensem o risco da saída”, refere ainda.

Decidido a ir ao encontro daqueles imigrantes que, por via da crise, caíram no desemprego e estão em risco de se perderem na pobreza extrema, o JRS criou recentemente um projecto intitulado “Rua da Esperança”.

O objectivo é intervir com a população em situação de sem-abrigo, através da constituição da primeira equipa de rua, a nível nacional, dedicada totalmente a este tipo de população, que constitui cerca de 30 por cento do número de indivíduos sem-abrigo, na zona de Lisboa.  

“Este projecto procura ir ter com as pessoas que já estão em situação difícil mas que ainda não foram ter connosco” explica André Costa Jorge, acrescentando que o que se pretende “não é substituir o número de serviços e equipas de rua que já existem em Lisboa, com outras organizações, mas antes fazer intervenções cirúrgicas, antecipar e tratar dos problemas, junto das pessoas”, como por exemplo, em situações de falta de documentos, na inserção no mercado de trabalho e no acesso a cuidados de saúde e higiene.

Para assinalar os 30 anos da fundação do Serviço Jesuíta aos Refugiados, a JRS-Portugal tem já definidas algumas iniciativas de divulgação.

No próximo dia 16 de Novembro, a organização católica levará, aos estúdios da Antena 1, um conjunto de histórias contadas na primeira pessoa por imigrantes, num programa marcado para as 15 horas.  

Em Dezembro, no dia 7, realiza-se na Sala do Arquivo, nos Paços do Concelho, em Lisboa, mais um evento do Fórum Municipal da Interculturalidade, do qual o JRS Portugal faz parte. Este ano, o encontro é subordinado ao tema «Lisboa e a destituição de direitos dos migrantes: um desafio para todos”.

Finalmente, para dia 10 de Novembro, está previsto o lançamento o lançamento do livro “Muros que nos Separam – Detenção de refugiados e migrantes em Portugal e na Europa”, na Fundação Calouste Gulbenkian. A publicação é o nº 2 da colecção Acompanhar, Servir e Defender, do JRS Portugal.

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