Bento XVI pede solidariedade diante da crise e defende dignidade dos deficientes

Última etapa da visita à Espanha dedicada aos mais desfavorecidos, num momento menos formal e mais emotivo

Bento XVI pediu este Domingo um esforço solidário por parte dos membros da Igreja, num momento de crise, assinalando que a “caridade é o sinal distintivo” da condição de cristão.

“Nestes momentos, em que muitos lares enfrentam sérias dificuldades económicas, os discípulos de Cristo hão-de multiplicar os gestos concretos de solidariedade, efectiva e constante”, disse, em catalão.

A última etapa da visita de dois à Espanha, com passagem por Compostela e Barcelona, foi simbolicamente a obra benéfica e social “Nen Déu”, uma instituição fundada em 1892, ligada à Congregação das Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração, dedicada ao cuidado de pessoas portadoras de deficiência, desde a infância à idade adulta.

Após agradecer às religiosas e aos funcionários que cuidam destas crianças, o Papa pediu às autoridades que façam todos os possíveis “para que os serviços sociais cheguem sempre aos mais desvalidos”.

Bento XVI apelou ainda a um apoio “generoso” a entidades privadas como esta escola de educação especial.

No momento menos protocolar desta viagem de dois dias, a Santiago de Compostela e Barcelona, o Papa parou junto de várias das crianças assistidas nesta obra, os seus familiares e as religiosas que os assistem.

Duas crianças dirigiram-se a Bento XVI e outro grupo entoou uma melodia alemã, traduzida em catalão, que o deixou visivelmente sensibilizado, já depois de ter saído do seu cadeirão para ir beijar a Maria del Mar, primeira a falar.

Bento XVI, a quem será dedicada a nova residência da obra, dirigida para órfãos, considera que instituições deste tipo manifestam, com o seu esforço, “que para o cristianismo, qualquer homem é um verdadeiro santuário de Deus”.

Todos, acrescentou, devem ser tratados com “o máximo respeito e carinho, sobretudo quando se encontram em necessidade”.

“Peço que continueis a socorrer os mais pequenos e necessitados, dando-lhes o melhor de vós mesmos”, disse aos presentes.

Bento XVI lembrou os avanços da medicina, nas últimas décadas, desejando que sejam acompanhados “pela crescente convicção da importância de um esmerado cuidado humano para o bom resultado do processo terapêutico”.

“É imprescindível que os novos desenvolvimentos tecnológicos no campo médico nunca surjam em detrimento do respeito da vida e dignidade humana”, declarou, numa referência indirecta à questão da eutanásia.

Para os que sofrem de deficiências psíquicas ou físicas, o Papa espera que possam “receber sempre o amor e atenção que os faça sentir-se valorizados como pessoas nas suas necessidades concretas”.

“Queridas crianças e jovens, despeço-me de vós dando graças a Deus pelas vossas vidas, tão preciosas aos seus olhos, assegurando-vos que ocupais um lugar muito importante no coração do Papa”, assegurou, debaixo de uma salva de palmas.

Bento XVI deixou também orações pelos que estão “ao serviço dos que sofrem, trabalhando incansavelmente para que as pessoas com deficiências possam ocupar o seu justo lugar na sociedade e não sejam marginalizadas por causa das suas limitações”.

No final, vários alunos ofereceram prendas que tinha preparado especialmente para o Papa: um quadro da Sagrada Família, um centro de flores de papel e um álbum com desenhos.

Já fora do edifício, antes de entrar no automóvel fechado, Bento XVI saudou algumas das pessoas que o esperavam no local, sob o olhar atento dos seus colaboradores mais directos, que trataram de o apressar por diversas vezes.

Apesar do atraso inicial, o Papa segue agora dentro do horário previsto rumo ao aeroporto do Prat, onde se vai encontrar com o primeiro-ministro Zapatero e se despede do país.

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