Igreja de Gaudí vai receber título de basílica no dia em que Bento XVI consagra o edifício e, indirectamente, o seu autor
Bento XVI vai dedicar o templo da Sagrada Família em Barcelona este Domingo, 7 de Novembro, celebração em que a igreja será proclamada “basílica”, título atribuído a igrejas que se tenham distinguido pela sua relevância histórica e espiritual.
O “templo expiatório” – assim chamado porque é construído apenas com donativos privados – é uma igreja monumental iniciada em 1882, a partir do projecto do arquitecto diocesano Francisco de Paula del Villar (1828-1901), mas foi Gaudí quem, a partir de 1883, lhe traçou um novo destino.
Nas suas mãos, até 1926, o templo adquiriu dimensões, exuberância e significado de tal modo relevantes que rapidamente começaram a chamá-lo de catedral, algo que o próprio Papa fez no avião que o trouxe desde Roma – pelas suas dimensões e pela continuidade arquitectónica com as grandes catedrais europeias do segundo milénio – embora a sede episcopal de Barcelona esteja noutro edifício.
D. Manuel Clemente, bispo do Porto, vai representar a Conferência Episcopal na cidade catalã e considera, em declarações à Agência ECCLESIA, que este templo é “provavelmente a expressão mais eloquente da estética católica na contemporaneidade”.
A introdução do rito para dedicação das igrejas, no Pontifical Romano, lembra que o nome dado ao local onde os cristãos se reúnem, em assembleia litúrgica ou oracional, deriva do termo grego “ekklesia”.
Algumas destas igrejas recebem o título de basílicas maiores (quatro de Roma) ou basílicas menores (outras espalhadas por todo o mundo).
Do grego “basileus” (rei) e “basilikos” (real), aplicava-se a palavra “basiliké” à casa real. Actualmente, este título é concedido pela Santa Sé a certas igrejas pela sua antiguidade ou por serem centros de peregrinações.
A nova basílica da Sagrada Família é um dos símbolos da cidade de Barcelona e, sem dúvida, o edifício catalão mais conhecido em todo o mundo.
A construção, que ainda decorre, depende de uma junta, hoje convertida em Fundação, que tem como presidente o arcebispo de Barcelona, cardeal Lluís Martínez Sistach.
O arquitecto responsável pelas obras é actualmente Jordi Bonet Armengol, filho do arquitecto Lluís Bonet Garí.
O templo da Sagrada Família nasceu da iniciativa de leigos católicos, Josep Maria Bocabella e membros da Associação de Devotos de São José, que procuravam um espaço no que então era um bairro afastado do centro da cidade, chamado Poblet. Quando assumiu a obra, Antoni Gaudí não duvidou em dizer que queria fazer “uma catedral dos pobres”.
A igreja da Sagrada Família, património da Humanidade, atrai cerca de 3 milhões de visitantes por ano. Nela trabalham 200 pessoas e estima-se que a construção possa durar mais de 15 anos, até 2026, centenário da morte de Gaudí.