Gaudí, arquitecto e, para muitos, santo

Processo de beatificação decorre há 15 anos e está nas mãos do Vaticano

Antoni Gaudí, o génio catalão, deixou mais do que uma notável criação artística, na qual se destaca a igreja da Sagrada Família, em Barcelona. Para muitos, o “arquitecto de Deus” deixou mesmo um exemplo de santidade.

Nessa convicção, há 15 anos decorre o processo de beatificação de Gaudí, nascido em Reús, no ano de 1852. Foi o cardeal português D. José Saraiva Martins, então prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, quem recebeu no Vaticano os documentos do processo, cuja fase diocesana foi encerrada em 2003.

O presidente da Associação pró-beatificação de Antonio Gaudí, José Manuel Almuzara, juntamente com o biógrafo Josep Maria Tarragona, entregaram então os documentos reunidos em Barcelona, 1024 páginas entre as quais se incluem os testemunhos de pessoas que conheceram o arquitecto, falecido em 1926.

“Gaudí é um arquitecto extraordinário que deu exemplo de amor à natureza no estudo das suas formas, de responsabilidade familiar – cuidando do seu pai e sua sobrinha doente – de pobreza voluntária – pois poderia ter sido milionário – e de amor intenso à Trindade e à Sagrada Família”, afirmou Alzamura.

Ao contrário da grande maioria dos processos de beatificação que chegam ao Vaticano através de dioceses, famílias religiosas ou movimentos eclesiais, a causa de Antoni Gaudí foi promovida por iniciativa de leigos.

O arquitecto chegou às obras da Sagrada Família em 1883 e ali passou mais de quatro décadas. Gaudí, o prestigiado autor de grandes obras como o Palácio Güell, as casas Batllo e Milà, a cripta da Colónia Güell ou o Parque Güell, tem nesta igreja a sua obra-prima e o testamento da sua vida.

Depois de 43 anos de trabalho no templo expiatório, na tarde de 10 de Junho de 1926, pouco depois de sair do estaleiro, Antoni Gaudí foi atropelado por um eléctrico e morreu devido aos ferimentos.

Os promotores da causa de beatificação reconhecem mais méritos a Gaudí do que a realização, considera notável por João Paulo II e o próprio Bento XVI, do templo da Sagrada Família de Barcelona: o arquitecto, asseguram, uniu famílias desestruturadas, curou doentes, propiciou profundas conversões ao catolicismo e ajudou desempregados.

Em conferência de imprensa celebrada diante do seu túmulo, na cripta da Sagrada Família, os representantes da associação mostraram confiança de que Gaudí possa ser beatificado a 10 de Junho de 2016, data do 90.° aniversário de sua morte.

O processo está agora nas mãos do Vaticano, que tem de declarar oficialmente que Gaudí viveu as virtudes cristãs de forma heróica e que a sua intercessão está na origem de um milagre.

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