História deve maior atenção às Congregações

Relação entre Ordens e esfera política em destaque no segundo dia do congresso internacional que decorre em Lisboa

Guilherme d’Oliveira Martins pediu esta Quarta-feira, em Lisboa, uma maior atenção às instituições religiosas, que classificou como “fundamentais” para compreender a identidade e a construção de Portugal.

“O fenómeno social e político português é profundamente influenciado pela presença das Ordens e Congregações Religiosas”, assinalou.

O presidente do Centro Nacional de Cultura (CNC) falava no Congresso internacional “Ordens e Congregações Religiosas”, que decorre até 5 de Novembro, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Numa conferência intitulada “Ordens e Política em Portugal”, Oliveira Martins sublinhou que a construção do país corresponde à “convergência de vários factores” e que a dimensão religiosa se assumiu como um “factor de coesão”.

Após recordar diversas figuras religiosas que marcaram a história desde o início da nacionalidade, como Santo António ou o Padre António Vieira, o presidente do CNC falou numa “ligação umbilical” às Ordens religiosas quando se fala de Portugal.

Apesar de “todas as resistências, todas as tensões”, persistiu sempre uma ligação entre a ordem temporal e a ordem espiritual.

Guilherme d’Oliveira Martins destacou a tradição de “separação de esferas” do catolicismo e defendeu que “o fortalecimento da sociedade obriga a reconhecer a importância das instituições” religiosas ajuda à afirmação de uma “sociedade livre.

Noutra sessão, Hugo Dores, do Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da UCP abordou a questão do Congreganismo na passagem da Monarquia para a República.

Num “cenário de ilegalidade visível”, após os decretos de expulsão de 1834 e 1910, Ordens e Congregações Religiosas foram desenvolvendo a sua acção e enfrentando episódios de forte contestação e mesmo perseguição.

Para o historiador, a relação entre estas instituições e o Estado é marcada pela incapacidade deste último em “supervisionar” a sua actividade, muitas vezes dependente de orientações de um governo geral com sede em países estrangeiros.

Hugo Dores destacou que, em finais do século XIX, a necessidade de “provisão” das missões católicas em território ultramarino justificou “alguma permissividade” do Estado face às congregações .

Membros de ordens religiosas são chamados a exercer cargos de relevo na Igreja Católica, com destaque para o Cardeal José Sebastião Neto, franciscano que seria nomeado Patriarca de Lisboa em 1883.

Neste período surgem ainda cinco congregações fundadas na clandestinidade, todas elas femininas.

Perceber o papel das Ordens Religiosas, no nosso país e no mundo, nas suas mais diversas perspectivas, ângulos ou metamorfoses, é o principal objectivo do Congresso Internacional das Ordens e Congregações Religiosas em Portugal: “Memória, Presença e Diásporas”.

O evento conta com cerca de 200 conferencistas, vindos dos mais diversos países do mundo, e ainda com a participação de mais de 500 pessoas.

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Agência ECCLESIA

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