26.º Encontro de Hoteleiros e Acolhedores de Peregrinos Na sua 26.ª edição, realizada no passado dia 19; o Encontro de Hoteleiros, Responsáveis de Casas Religiosas e Agentes de Viagens de Fátima juntou mais de uma centena de participantes e comprovou ser uma actividade para manter no Calendário de Actividades do Santuário de Fátima. Com o objectivo primeiro de procurar encontrar formas que garantam uma sã hospitalidade e acolhimento aos visitantes da cidade, estes encontros são também o espelho dos laços de boa vizinhança entre o Santuário e sociedade civil e religiosa que recebe e trás a Fátima peregrinos e turistas de todo o mundo. O encontro teve início na Capelinha das Aparições com a celebração da Eucaristia, presidida pelo anfitrião, o Reitor do Santuário, que durante a homília exortou os presentes a acolher o peregrino mais pobre, sem discriminação. “A fé em Cristo não pode discriminar pessoas, devemos reverenciar o pobre como o rico”, disse o responsável, acrescentando que a nova Igreja em construção pelo Santuário – Igreja Santíssima Trindade – não será rica, não terá materiais ricos, para que nela “os ricos sintam o apelo pelos pobres e os pobres se sintam lá bem”. Em clima saudável de diálogo e partilha, os participantes tiveram oportunidade de ouvir os dados estatísticos fornecidos pelo Serviço de Peregrinos relativos ao ano de 2003, de conhecer o tema anual e o grande projecto que o Santuário tem em mãos durante os próximos anos, a construção da Igreja da Santíssima Trindade. Em termos gerais, e porque se torna difícil encontrar um número exacto, Fátima terá recebido durante o ano 2003 à volta de cinco milhões de peregrinos, um pouco menos que no ano anterior, provavelmente devido à crise económica mundial que se faz sentir. Para o Reitor do Santuário existe uma tendência notória para uma alteração no tipo de peregrinação. Cada vez mais se vêm grupos de pessoas que não estando tão directamente comprometidas com a Igreja se deslocam a Fátima em espírito de peregrinação. Não passam pelos serviços do Santuário mas sentem o apelo da oração e da fé. Neste encontro, que decorreu na Casa de Nossa Senhora das Dores, Monsenhor Luciano Guerra deu conta do tema geral deste ano no Santuário de Fátima. O 4.º Mandamento da Lei de Deus – “Honra teu pai e tua mãe” – é o convite ao peregrino de Fátima, uma ideia nascida em resposta ao pedido das Nações Unidas, em dedicar os primeiros dez anos deste milénio à causa e às causas da Paz. A relação entre pais e filhos, um pouco à semelhança da relação do cidadão com o Estado, explicou Monsenhor Luciano Guerra, deve de ser de protecção, de piedade e de autoridade, no sentido da elevação de todos os membros. No mesmo contexto, o filho deve proteger os pais na velhice, “porque há muitos pais que sofrem de uma solidão atroz”. Relativamente a projectos, a Igreja da Santíssima Trindade, a inaugurar no 90.º aniversário das Aparições, em 2007, foi a grande obra apresentada para Fátima. No período de diálogo, Albino Frazão, operador de viagens de peregrinações regozijou-se pela iniciativa do Santuário, que a seu ver trará mais pessoas à cidade. A obra que, disse, trará muitas benesses para Fátima, “custa zero ao erário público, custa zero aos hoteleiros de Fátima, isto porque o Santuário sem pedir m tostão, está a por dinheiro nos nossos bolsos”. David Catarino, presidente da autarquia de Ourém, revelou também os projectos para a cidade, com especial relevo para a requalificação da Avenida D. José Alves Correia da Silva, projecto para o qual o autarca disse contar com o apoio de instâncias governamentais. Salientando a importância da requalificação urbana para a cidade, o autarca teceu duras críticas ao Governo por não ter estabelecido “a mínima interligação regional de planeamento”, apresentando-se como “um empecilho” e não como promotor de desenvolvimento. Em termos do projecto de requalificação hoteleira, David Catarino pediu para que as regras sejam cumpridas e, porque alguns hoteleiros pediram ajuda, revelou que a Câmara tem ao serviço um técnico de Turismo, para dar resposta às dúvidas. Durante este encontro, os hoteleiros manifestaram as suas posições relativamente às obras que decorrem actualmente em Fátima e marcaram a sua posição relativamente às previstas, em termos de requalificação urbana. Como era esperado apresentaram-se diversas opiniões sobre os vários projectos e foram feitos pedidos à Câmara, sobretudo no sentido de facilitar o trabalho dos hoteleiros e no empenho pelo embelezamento da cidade. Bastante criticada, a colocação de artigos religiosos nas ruas, em frente aos estabelecimentos comerciais, parece estar agora com um fim à vista. David Catarino disse que os comerciantes estão a ser informados de que devem proceder à recolha dos artigos para o interior dos estabelecimentos. Relativamente à corretagem na rua para aluguer de quartos ou convite para entrada em determinados restaurantes, o autarca disse que é um problema onde é mais difícil intervir, “porque não se podem prender duas pessoas por estar a conversar”. D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima teceu com o seu discurso de encerramento deste encontro, a ideia de uma Fátima moderna mas sobertudo acolhedora. “Se cá voltasse daqui a mil anos (…) ficaria orgulhoso com a caminhada deste grande Santuário, que com as entidades civis, terá feito de Fátima um oásis num deserto”, afirmou o prelado. Da forma descontraída que lhe é particular nestes encontros, D. Serafim procedeu aquilo que chamou a “descodificação” de cada uma das letras da palavra AIRE, da Serra de Aire, onde está Fátima. O “A” seria o Acolhimento, no seu sentido mais amplo, de saber acolher. O “I” seria o Ícone/Imagem que queremos que Fátima tenha agora e no futuro, uma imagem de perfeição, à procura da perfeição. O “R” estaria ligado ao respeito, na pluralidade, pela competência, pelas leis e pela seriedade. O “E” seria a espiritualidade, o zelar-se pela espiritualidade de um lugar que nasceu do zero e que se deve manter como um pulmão para quem aqui queira “respirar o espiritual”.
