Católicos sem memória da sua história

O historiador António Matos Ferreira considerou esta Sexta-feira em Fátima que existe uma “enorme ausência de memória dos católicos sobre a sua própria história”.

O director-adjunto do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica apresentava a edição especial do semanário Agência ECCLESIA com que se assinalam as comemorações do centenário da Primeira República.

Um empreendimento, referiu Matos Ferreira, em que “todos vestiram a camisola”, algo que considerou “muito gratificante”.

Contando com a investigação de oito historiadores do CEHR, esta edição torna-se possível devido a uma nova parceria da Agência ECCLESIA na área da produção de conteúdos.

A estrutura da revista, a selecção de conteúdos documentais, a construção progressiva do projecto gráfico (a partir da proposta seleccionada da empresa “dupladesign”) e a selecção e colocação das imagens resulta de um trabalho conjunto entre o CEHR e a Agência ECCLESIA realizado ao longo deste ano 2010.

Paulo Rocha, director da Agência ECCLESIA, fala num esforço de “de desenvolver um trabalho de informação contando com contributos de diferenciados parceiros”.

Apresentada no final das Jornadas Nacionais das Comunicações, que decorreram entre 23 e 24 de Setembro, a edição especial é “um excelente exemplo de trabalho em equipa, porque planeado, debatido, estruturado e apresentado sempre pelo contributo de jornalistas e de historiadores”.

“Trata-se de apresentar historicamente factos ocorridos há cem anos, os que determinaram os acontecimentos de 1910 e as implicações na sociedade, nesses e nos tempos actuais”, explica Paulo Rocha.

Este responsável sublinhou que as 88 páginas da publicação “passam pela redacção dos historiadores, mas também pela iconografia apresentadas, pelos documentos originais publicados, pelas fotografias ou ilustrações referentes a acontecimentos da época”.

Segundo António Matos Ferreira, a revista procura entender 1910 “num contínuo mais amplo e mais complexo”, sobre a questão da “problemática religiosa em Portugal” na I República.

Para o historiador, é importante “não endeusar a realidade anterior à I República”, entender no seu contexto a mudança legislativa e as “suas implicações”, passando para a “vivência espiritual” dessa época, em Portugal.

“Os católicos, muitas vezes, não têm consciência de onde estão e muitas vezes fica-se sujeito às circunstâncias de uma determinada leitura”, lamentou.

O director-adjunto do CEHR projectou ainda a realização de um Congresso Internacional de História Comparada sobre a problemática da separação de 13 a 16 de Abril 2011, na UCP.

No encerramento das Jornadas, dedicadas ao tema “República-Comunicação-Igreja”, o Bispo do Porto deixou “uma palavra de agradecimento a todos os que vieram, intervieram e prepararam” a iniciativa.

Para o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, promoveu-se “um encontro, no âmbito das Comunicações Sociais da Igreja, com a sociedade portuguesa”.

“Este encontro é possível hoje, não foi tão possível em 1910, porque a sociedade como tal não tinha a densidade que felizmente agora se consegue”, indicou.

Para o Bispo do Porto, é fundamental “fazer uma República onde todos caibam”.

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