Corroios: Restaurantes oferecem comida não utilizada para projecto solidário

«Associação ao Encontro de um Sorriso» recolhe alimentos que, sem a sua intervenção, iriam para o lixo

Em vez de deitar a comida não utilizada para o lixo, proprietários de restaurantes de Corroios, na diocese de Setúbal, estão a entregá-la a famílias carenciadas através de uma organização da Igreja Católica.

A “Associação ao Encontro de um Sorriso”, da paróquia de Corroios, começou por fazer uma distribuição mensal de alimentos, mas recentemente passou a servir refeições quentes três vezes por semana.

“Um grupo de voluntários recolhe os excedentes dos restaurantes, pastelarias e comércio local e distribui-os às famílias carenciadas da zona”, explica Adriana Ribeiro ao programa «70×7», acrescentando que algumas pessoas também oferecem comida feita em casa.

Em cada noite servem-se cerca de 70 refeições, mas antes é preciso ir buscar os alimentos.

Sandra Lemos começa a recolha pela casa de Assunção dos Prazeres: “Achei que uma vez por semana poderia colaborar neste projecto, fazendo uma refeição para as pessoas. Sempre que posso, faço-o com muito gosto”, diz.

O percurso prossegue numa pastelaria: “Em vez de deitar fora os bolos que sobram e que não têm aproveitamento, dou-os”, afirma o proprietário, António Carvalho.

A convicção é partilhada por Maria Correia São Pedro, que tem um restaurante: “Se hei-de deitar a comida para o lixo, sempre é melhor aproveitá-la para alguém”.

[[v,d,1493,Projecto: servir um sorriso]]O pároco de Corroios, padre Casimiro Henriques, fala de uma crise com “dois rostos”: os beneficiários da ajuda e as pessoas que, mesmo não sendo católicas “praticantes”, estão disponíveis para ajudar.

Sofia Gonçalves refere que a iniciativa abrange “todo o tipo” de beneficiários, a começar pelos pobres que, devido ao desemprego ou a problemas de saúde, não trabalham nem têm rendimentos.

Também há pessoas que até há pouco tempo tinham a sua vida organizada: “De repente cai tudo à volta deles porque um dos membros da família perdeu o trabalho ou ambos ficaram desempregados”, acrescenta.

“A pessoa fica desamparada, sem saber o que fazer” face às prestações dos empréstimos e a outros encargos, como os da creche ou da escola dos filhos, refere Sofia Gonçalves.

O presidente da “Associação ao Encontro de um Sorriso”, Nuno Gonçalves, salienta que “a península de Setúbal sempre ficou conhecida, desde a década de 80, por taxas de desemprego superiores à média nacional”.

A falta de trabalho “tem vindo a aumentar” devido à falência ou redução da dimensão de indústrias que empregavam grande número de operários.

O projecto pretende também combater a acomodação à ajuda: “Começámos a sentir alguma comodidade das pessoas. Por isso criámos algumas exigências”, indica Sofia Gonçalves, assinalando que os beneficiários que podem trabalhar devem provar que estão à procura de emprego.

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