Bento XVI visitou o Arcebispo da Cantuária, Rowan Williams, convidando a um testemunho comum do transcendente
Bento XVI encontrou-se esta Sexta-feira, 17 de Setembro, com o líder da Igreja Anglicana, Rowan Williams, junto do qual admitiu dificuldades no diálogo conjunto, preferindo destacar, contudo, a “profunda amizade que cresceu entre nós”.
Numa visita de cortesia ao palácio de Lambeth, em Londres, o Papa sublinhou que o “notável progresso feito em várias áreas de diálogo”, sob o impulso de uma comissão internacional anglicana-católica,
Bento XVI convidou os fiéis das duas Igrejas a explorar, com membros de outras tradições religiosas, “caminhos para testemunhar a dimensão transcendente da pessoa humana e o chamamento universal à santidade”.
“Cooperação ecuménica nesta tarefa continua a ser essencial e irá certamente dar frutos na promoção da paz e da harmonia num mundo que muitas vezes parece em risco de fragmentação”, assinalou.
O Papa lembrou a figura do Cardeal John Henry Newman, que vai beatificar no próximo Domingo, como alguém que “pode ensinar as virtudes que o ecumenismo exige”, ou seja, a capacidade de “seguir a própria consciência” e de debater, de forma amigável, as questões em que os cristãos “diferem”.
Tanto o Arcebispo da Cantuária como Bento XVI aludiram a anteriores encontros entre os líderes das duas duas Igrejas: Rowan Williams lembrou o encontro entre João Paulo II e o Arcebispo Robert Runcie, em 1982, e Bento XVI recordou o encontro privado que reuniu o Papa Paulo VI e o Arcebispo Geoffrey Fisher, em 1960.
Numa reunião que se iniciou com um ligeiro atraso, Bento XVI reconheceu que há “dificuldades” no caminho ecuménico e que as mesmas “são por todos conhecidas”.
Em 2009, Bento XVI promulgou a constituição apostólica “Anglicanorum Coetibus”, que apresenta as normas para o regresso dos grupos anglicanos à Igreja Católica, assim que os mesmos o solicitem.
A decisão do sínodo da Igreja de Inglaterra de ordenar mulheres para o episcopado, já este ano, foi vista por muitos como um novo ponto de discórdia que poderá levar a um êxodo de anglicanos para a Igreja Católica.
A primeira visita de Estado de um Papa ao Reino Unido acontece 476 anos depois do nascimento da Igreja Anglicana (1534), ocorrido na sequência do corte de relações do rei Henrique VIII com Roma. João Paulo II estivera na Grã-Bretanha em 1982, numa visita seria de carácter pastoral.
Para o actual Papa, no actual momento testemunha-se uma “cultura cada vez mais distante das raízes cristãs, apesar de uma profunda e disseminada fome de alimento espiritual”.
Por isso, indicou Bento XVI, os cristãos nunca devem “hesitar em proclamar” a sua fé.
Octávio Carmo, Agência ECCLESIA, em Londres