Formação dos profissionais tem de incluir vertente espiritual

Bastonários das Ordens dos médicos e dos enfermeiros concordam sobre a importância dessa dimensão na prestação de cuidados de saúde O reconhecimento de que a dimensão espiritual é parte integrante da pessoa como tal tem levado, nos últimos anos, a um interesse crescente nas escolas médicas sobre este tema. Na alguns países a formação do pessoal médico e de enfermagem já inclui uma cadeira específica, sobre a espiritualidade, uma medida que poderá vir a ser aplicada no nosso país. “A espiritualidade é uma parte integrante do cuidado à pessoa humana, entendemos que é uma vertente de ajuda essencial”, refere à ECCLESIA a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Augusta de Sousa. No que diz respeito aos profissionais, esta responsável vê no Plano Nacional de Saúde “caminhos de formação para permitir a quem trabalha o aprofundamento da vertente espiritual”. De acordo com Germano Sousa, Bastonário da Ordem dos Médicos, “é indiscutível que a formação do médico não pode ser apenas biológica, hoje pensa-se que a sua formação deve abarcar o ser humano em todas as suas dimensões”. A necessidade de incluir a vertente espiritual na formação dos profissionais de saúde foi particularmente reivindicada pelo Pe. José Nuno, coordenador nacional dos capelães hospitalares católicos, no decorrer do I seminário nacional das capelanias hospitalares, que terminou ontem na Faculdade de Medicina de Lisboa. De acordo com este responsável, uma prática de cuidados de saúde integral deve considerar “a espiritualidade dos doentes e a sua filiação religiosa”. “Distinguir é essencial para poder servir bem”, vincou. Maymone Martins, presidente da Associação dos Médicos Católicos, também referiu que “os médicos não podem subvalorizar a importância dos dramas humanos que tratam”. A importância do factor espiritual, nos profissionais de saúde, é assumido como “importantíssimo”, com Maymone Martins a revelar à ECCLESIA que “o empenhamento na actividade propriamente técnica da profissão pode distanciar-nos do sentido último do que fazemos”. O Bastonário da Ordem dos Médicos vinca, nesse sentido, que “o homem não é apenas um ser biológico, mas também espiritual”. Augusta de Sousa lamenta mesmo que o novo Plano Nacional de Saúde limite a questão da espiritualidade à situação de doença. “Delimitar a questão da espiritualidade exclusivamente à situação da doença significa que não estamos a enquadrar isto como uma vertente da pessoa humana que permite potencializar as suas capacidades para fazer face às dificuldades”, revela. Contudo, a alteração para modelos de gestão empresarial poderá penalizar fortemente tudo o que se refere “à espiritualidade e religiosidade”.

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