Claude Chabrol – Um cineasta crítico e positivo!

Claude Chabrol 1930-2010. Realizador, produtor, actor e argumentista.

Fundador entusiasta do movimento Nouvelle Vague francesa, juntamente com Jean-Luc Godard, François Truffaut, Alain Resnais, Jacques Rivette e Eric Rohmer, Chabrol verá o seu filme “Le Beau Serge” (1959) tornar-se marco e manifesto do movimento. Este, tinha desde o final da década de cinquenta por objectivo restaurar o conceito de cinema de autor dos idos anos trinta reunindo, neste grupo de jovens cineastas, uma saudável força de oposição à excessiva intrusão da exploração comercial na sétima arte.

Desde 1951, Chabrol tornara-se colaborador activo do “Cahiers du Cinema”, revista de crítica cinematográfica e bastião do referido movimento que utiliza, a par dos seus filmes, como meio de expressão do seu apostolado: reforçar a importância do autor no processo cinematográfico, tantas vezes preterido e minorado por uma gulosa indústria cinematográfica. 

Conhecido pelo seu espírito mordaz, contes-tatário e, simultânealmente, pela sua atitude positiva e bem disposta em relação à vida e ao mundo, Chabrol ofereceu-nos em cinquenta e quatro anos de carreira – nem sempre a dirigir câmaras, actores e técnicos – poderosas obras, em que alia, mesmo nas mais dramáticas, uma crítica única e um finíssimo humor: na sua maioria, de baterias apontadas aos tiques e ao “pequeno mundo” da burguesia francesa de então.

Constituíndo hoje um dos cineastas com maior número de obras dirigidas, entre cinema e televisão, o meio século carreira deste versátil homem do cinema foi reconhecido, juntamente com Manoel de Oliveira, com o presti-giado Prémio Câmara da Berlinale (Festival de Cinema de Berlim). Apenas um dos muitos que recebeu, entre Cannes, Veneza, Toronto, Moscovo, San Sebástian e tantos outros.

Para os muitos leitores que seguiram a sua carreira, o desaparecimento de Claude Chabrol virá evocar certamente excelentes momentos cinematográficos. Aos mais novos, fica o conselho de alerta para as evocações do cineasta que certamente se seguirão, em ciclos de cinema a acontecer, mais ou menos brevemente…

Margarida Ataíde

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