Porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, fala sobre o programa da visita do Papa ao Reino Unido
Bento XVI vai propor “uma Igreja amiga, que dá o seu contributo à sociedade de hoje, a partir da própria fé”.
É assim que o padre Federico Lombardi, director da sala de imprensa do Vaticano, fala do teor da visita do Papa a Inglaterra, marcada para dia 16 de Setembro.
Num breve comunicado à imprensa, dia 10, aquele responsável assegurou que a iniciativa está a ser encarada com alegria e serenidade, por parte de Bento XVI, mesmo perante algumas críticas que têm surgido, do lado de alguns grupos ingleses.
“Críticas sempre as houve, mesmo durante outras viagens. Eu diria que isto faz parte do clima normal de uma sociedade muito pluralista e com muita liberdade de expressão, como é a sociedade inglesa. Também é preciso ter em conta que a Igreja católica é uma minoria relativa em Inglaterra”, sublinhou o padre Federico Lombardi.
O sacerdote acrescentou ainda que “há muitas vozes activas na resposta, dentro da sociedade inglesa, e, muitas vezes, essa resposta é dada de forma adequada”.
Por se pretender que esta viagem seja uma autêntica jornada de diálogo inter-religioso, o responsável pela comunicação do Vaticano declarou que “não vê qualquer problema na presença das mulheres anglicanas, os ministros de culto, nas celebrações ecuménicas marcadas para Londres.
O problema, para o padre Lombardi, “diz apenas respeito aos casos de concelebração religiosa”.
Questionado pelos jornalistas sobre o custo da viagem e sobre os contributos pedidos aos fiéis, para participarem nos eventos públicos, aquele responsável respondeu que “o Papa não impôs a sua presença” e que “a Igreja local está a tomar as medidas que acha necessárias para cobrir as despesas”.
Outra pergunta recaiu sobre se Bento XVI irá aproveitar a sua passagem pelo Reino Unido para se encontrar com vítimas de abuso sexual.
“Não posso confirmar nem desmentir essa possibilidade, embora se isso acontecer, será de forma confidencial e reservada, de acordo com a forma como se procedeu, em outras viagens”, realçou o padre Lombardi.
O sacerdote dedicou também algumas palavras à beatificação do Cardeal Newman, que irá ter lugar dia 19 e será um dos pontos altos da visita de Bento XVI ao Reino Unido.
Para aquele responsável, “trata-se de um sinal particular de apreço, que demonstra o interesse e a importância que o Papa atribui àquela figura”.
Disse ainda que “o evento não deve representar uma dificuldade ou um problema para os anglicanos”.
Apesar da beatificação ser um processo normalmente reservado para as Igrejas locais, o facto de Bento XVI ir proceder à celebração “é uma excepção e não necessariamente uma regra”, acrescentou o mesmo responsável.
O padre Federico Lombardi destacou ainda “um jantar de trabalho”, que irá reunir os mais altos responsáveis do governo britânico e da Santa Sé, para discutir temas de importância comum, como o desenvolvimento, educação e desarmamento.