A Igreja tem de se empenhar mais nesse objectivo, segundo o Conselho das Conferências Episcopais Europeias
É fundamental que aconteça uma mudança na mentalidade e no coração das pessoas, para que a salvaguarda do ambiente e dos recursos naturais do planeta possa ser uma prioridade de todos.
Proteger a Criação, mais do que uma missão para a comunidade eclesial, é o cumprimento dos valores e princípios que a Igreja tem defendido ao longo da sua história.
As duas ideias foram destacadas pelos bispos e delegados das conferências episcopais europeias, que participaram na Peregrinação de Salvaguarda da Criação, entre 1 e 5 de Setembro.
Na mensagem final da iniciativa, divulgada pelo site oficial do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE), aqueles responsáveis defendem “uma educação que conduza à mudança nos modelos de comportamento habituais e socialmente consolidados”, e que faça crescer na sociedade um maior respeito pela Criação.
Para contribuir para essa mudança, os delegados chamam a atenção para os valores transmitidos pela tradição bíblica, pelos padres da Igreja e pela teologia.
Valores veiculados ao longo dos séculos pela Doutrina Social da Igreja, que geraram princípios fundamentais como a importância de todos se empenharem no “bem comum universal”; a afirmação do “destino universal dos bens da terra”; e a “justiça inter-geracional”, para que as acções de agora, em termos ambientais, não ponham em causa as gerações futuras.
O papel de toda a comunidade eclesial, nomeadamente os jovens, as famílias, comunidades paroquiais, escolas, instituições religiosas e seminários, é considerado essencial para transmitir estes ideais aos outros.
“Renovem o seu empenho na vocação de velar por esta nossa comum casa terrena, encorajando a difusão, o estudo e actuação destes princípios, que oferecem uma orientação clara e portadora de esperança para a humanidade”, pedem os bispos e delegados do CCEE.
Portugal esteve representado pelo bispo auxiliar de Braga, D. Manuel Linda, e por Isabel Varanda, teóloga e professora da Universidade Católica Portuguesa.
D. Manuel Linda, em declarações à Rádio Renascença, mostrou-se satisfeito com a iniciativa ecológica, realçando que serviu para “ver e escutar como é que os colegas bispos fazem para ajudar as pessoas a manter viva a grande dádiva de Deus que é a Natureza”.
Os responsáveis apelaram ainda à oração e ao trabalho conjunto com outras Igrejas e comunidades cristãs. O CCEE deixou o convite para que todos comecem a participar na iniciativa “Tempo para a Criação”, lançada em 2007 na III Assembleia Ecuménica Europeia, em Sibiu, na Roménia.
A iniciativa recomenda que o período entre 1 de Setembro e 4 de Outubro – tempo litúrgico de São Francisco de Assis – seja um tempo forte de oração e diálogo sobre o tema da Criação, como já acontece em algumas Igrejas e Conferências Episcopais.