Caminho de Santiago em Versão «Light»

Pilar é jornalista. Nacho fotógrafo. Nutrem uma profunda embirração um pelo outro mas não lhes resta  senão disfarçá-lo: afinal, estão incumbidos de formar equipa numa cobertura jornalística enquanto percorrem o caminho de  Santiago de Compostela. Entre inúmeras peripécias, o que começa por ser uma penosa via em que cada um sente o peso dos ossos do seu ofício acaba por se transformar numa descoberta surpreendente para ambos.
“A Caminho de Santiago” é o segundo filme a chegar a Portugal do espanhol Roberto Santiago, realizador de “Ruleta”, curta-metragem assinalada com a nomeação à Palma de Ouro em Cannes (1999) e “O Maior Penálti do Mundo”, longa metragem de 2005 candidata a um Prémio Goya, o qual viria a perder a favor de “Mar Adentro”.
Comédia romântica ligeira, sem pretensões a mais, esta viagem a Santiago, centrada em duas personagens encarnadas por um dueto sobejamente popular em terras vizinhas, pouco ou nada tem que ver com a que muitos perigrinos anual e gratificantemente experimentam. Desengane-se desde já quem pelo título julgasse aqui encontrar o Caminho que um dia palmilhou ou sonhou vir a fazê-lo: não há de facto neste invocação ou evocação de profunda peregrinação interior.

Há, sim, as belas paisagens galegas por cenário e também uma genuína descoberta de um casal, que só um caminho de que não se conhece o fim, apesar dos registos de um mapa, pode surpreender. 
Claro convite à diversão, aqui, “A Caminho de Santiago”, passamos leve, levemente, sobre as vias do humor, do absurdo, com pequenas intrigas e dificuldades a decorá-las, diálogos divertidos, alguns saborosos, mas não particularmente inspirados, no que poderia ser a história atribulada de um homem e uma mulher em praticamente qualquer outro contexto.

Se esta pode ser uma sugestão, além de análise e comentário, fica como proposta de um suave regresso às salas de cinema, a despedirmo-nos da maior época de lazer do nosso calendário.

Margarida Ataíde

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