Modelos para as capelanias hospitalares em discussão

Aplicação de modelos de gestão empresarial nos hospitais inquieta responsáveis católicos Os responsáveis católicos mais ligados ao acompanhamento espiritual e religioso nos hospitais manifestaram hoje a sua preocupação pela “situação precária” que resulta da aplicação de modelos de gestão empresarial, os denominados “Hospitais SA”. Para o Pe. José Nuno, coordenador nacional dos capelães hospitalares, lembrou hoje que “o Estado tem de assumir a parte que lhe compete”, mormente no que diz respeito ao enquadramento jurídico dos serviços religiosos hospitalares. O sacerdote falava aos jornalista, à margem do I seminário nacional das capelanias hospitalares, que terminou hoje na Faculdade de Medicina de Lisboa. Este seminário, com mais de 350 participantes – capelães, profissionais de saúde, estudantes, membros de associações de voluntários ou dadores, religiosos – decorreu num quadro em que se começa a desenhar um novo enquadramento jurídico para este sector. Nesse sentido, as conclusões do seminário vincaram que “a assistência espiritual e religiosa é um inalienável direito da pessoa doente; a este direito corresponde um dever do Estado: propor e suportar uma prática de cuidados de saúde integral, em que a espiritualidade dos doentes e a sua filiação religiosa sejam activamente consideradas; corresponde, também, um dever das Igrejas e das Religiões que devem acompanhar adequadamente os seus membros internados nos hospitais”. Em relação à revisão legislativa que falta fazer para enquadrar a assistência espiritual e religiosa nos hospitais, no quadro da Lei da Liberdade Religiosa e da Lei de Gestão Hospitalar, o coordenador nacional dos capelães hospitalares aponta como “sinal muito promissor” que o Plano Nacional de Saúde “assuma a matriz espiritual nos cuidados de saúde”. D. José Alves, presidente da comissão episcopal para a acção social e caritativa da CEP, referiu à Agência ECCLESIA que “não há dúvida de que estamos mais dependentes das administrações dos hospitais, esperemos que elas sejam sensíveis”. “Estou convencido de que tudo irá correr bem e, até à data, salvo raras excepções, tudo está a ir pelo melhor”, acrescentou. Sobre a presença explícita da Igreja Católica nos Hospitais S.A., o Pe. José Nuno diz que “há a garantia nascida da confiança na palavra das pessoas”, referindo-se aos membros do Ministério da Saúde, com quem este assunto tem vindo a ser tratado, e à intervenção do ministro Luís Filipe Pereira, em Fátima, no último encontro nacional da Pastoral da Saúde, “onde disse com toda a clareza que a situação não estava em causa, nos hospitais público”. “Ora, os hospitais, mesmo com gestão empresarial, continuam a ser um serviço público”, acrescenta. No decorrer do encontro teve lugar uma intervenção da presidente do Conselho do Hospital de Santa Marta, Teresa Sustelo, que definiu os hospitais como “um microcosmos” social, onde a dimensão espiritual é essencial. Mostrando a sua confiança, em relação à transição para o modelo de gestão empresarial, Teresa Sustelo disse que “a medicina tecnológica nunca resolverá tudo, pelo que será sempre essencial acompanhar o doente desde um ponto de vista espiritual, analisando a pessoa como um todo”.

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