Bispo paquistanês alerta para recolha de donativos feita por falsas organizações de solidariedade

D. Joseph Coutts pede atenção para evitar tráfico de crianças

O presidente da Cáritas do Paquistão, o bispo Joseph Coutts, diz que é “é essencial prestar muita atenção às instituições que se escolhem para enviar fundos”, refere a Agência Fides.

De acordo com o prelado, existem “falsas organizações não-governamentais” e associações ligadas a grupos integralistas islâmicos nascidas para “especular e apropriarem-se” dos donativos.

“Mesmo no mundo cristão multiplicam-se as organizações de caridade, sobretudo na área protestante”, assinala o bispo de Faisalabad, região onde existem mais de 50 organismos ligados a Igrejas evangélicas.

“O meu apelo é para escolher a Cáritas, uma instituição crível e transparente”, afirmou D. Joseph Coutts, acrescentando que ela colabora com os organismos da sociedade civil encarregados de coordenar o auxílio.

A delegação paquistanesa da organização de apoio social da Igreja Católica interrompeu este Domingo o auxílio aos sobreviventes das enchentes para rezar pelas vítimas e refugiados.

A tragédia deixou mais de 20 milhões de desalojados e o número de mortos supera os 2000.

“Pedimos a todos os cristãos em todo o mundo para que se unam nesta oração e para que rezem também para ajudar aqueles que estão a dedicar-se inteiramente à ajuda aos deslocados”, referiu o responsável, que agradeceu ao Papa Bento XVI as suas preces em favor da população paquistanesa.

O trabalho da Cáritas, potenciado pelos contributos das congéneres internacionais, está a chegar às populações através das escolas, paróquias e pequenas instituições, “que estão a fazer o seu melhor” para proporcionar “estruturas de acolhimento” e organizar a recolha de alimentos e outros bens materiais.

O prelado admite a possibilidade de a ajuda às vítimas por parte de outros organismos paquistaneses excluir os cristãos, especialmente em zonas onde são habitualmente perseguidos.

O bispo frisa que esta eventual rejeição não vai provocar uma atitude idêntica por parte da Cáritas, que presta socorro “a todos os deslocados sem discriminação”, sabendo-se que “99% são muçulmanos”.

D. Joseph Coutts lançou um apelo ao Governo e à polícia para estar atenta a organizações criminosas que se envolvam no tráfico de crianças, aproveitando as condições proporcionadas pelo êxodo dos refugiados.

A agricultura e a pecuária também estão ameaçadas, implicando o risco de fome: “A colheita foi destruída pelas inundações e muitas famílias de agricultores perderam as suas reservas guardadas para os próximos meses. Se a inundação não baixar rapidamente, perder-se-á também a próxima colheita, a de Outono, o que significa uma catástrofe alimentar. Também milhares de animais morreram: eles eram a única fonte de sobrevivência para muitas famílias”, relatou o bispo.

As consequências das cheias vão também sentir-se no plano sanitário: “Se pensarmos que a água que ainda alaga as planícies, cidades e povoados não é potável e é uma fonte de infecções, entendemos os riscos graves a que milhões de pessoas estão expostas. É urgente uma acção internacional para evitar isso”, alertou.

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