Três pessoas que afirmam terem sofrido abusos sexuais de padres, há décadas, no estado norte-americano do Kentucky, retiraram o processo judicial contra o Vaticano, encerrando o caso.
Em declarações à Agência ANSA, o advogado da Santa Sé nos Estados Unidos, Jeffrey Lena, frisou que os magistrados ainda não assinaram o arquivamento do processo.
As possíveis vítimas de pedofilia acusavam o Vaticano de negligência e os seus representantes legais procuravam mover uma acção colectiva, sustentando que milhares de menores são molestados por sacerdotes no país.
“A Santa Sé recebe com satisfação a notícia”, afirmou o responsável pela Sala de Imprensa do Vaticano, Pe. Federico Lombadi, citado pela Rádio Vaticano.
O responsável considera “positivo que uma causa com a duração de seis anos sobre um presumível envolvimento da Santa Sé na responsabilidade da ocultação dos abusos, que teve um forte reflexo negativo sobre a opinião pública, chegue ao fim com a demonstração que foi originada numa acusação não fundamentada”.
“Naturalmente – acrescentou – isto não significa de maneira alguma minimizar o horror e a condenação pelos casos de abusos sexuais e a compaixão pelo sofrimento das vítimas”.
O episódio do Kentucky – apresentado em 2004 a um tribunal de Louisville – é um dos três que citam a Santa Sé em tribunais norte-americanos.
Outro processo foi recentemente aberto no estado de Wisconsin pelas vítimas do Pe. Lawrence Murphy, que teria abusado de pelo menos 200 alunos de uma escola para surdos-mudos.
A queixa menciona o Papa Bento XVI, que ao tempo dos acontecimentos dirigia a Congregação para a Doutrina da Fé, e os cardeais Angelo Sodano e Tarcisio Bertone, respectivamente antigo e actual secretário de Estado do Vaticano.
O outro caso, que decorre no estado do Oregon, cita a Santa Sé porque, de acordo com os acusadores, teria aprovado a transferência da Irlanda para a cidade norte-americana de Chicago, e depois de Portland, do sacerdote Andrew Ronan, mesmo sabendo das repetidas denúncias associadas a ele, tornando-se assim co-responsável pelos abusos.
No final de Junho, o Suprema Tribunal dos Estados Unidos resolveu não se pronunciar sobre um recurso encaminhado pelo Vaticano referente a este processo, tendo reenviado a um tribunal local a decisão sobre se a Santa Sé pode ou não ser civilmente responsável pelas acções de padres que cometeram abusos.