Luís da Silva Pereira substitui o Pe. José Miguel Torres Pereira, que ocupou o cargo durante cinco anos
O jornal “Diário do Minho”, pertencente à Arquidiocese de Braga, vai passar a ser dirigido por Luís da Silva Pereira a partir de 1 de Setembro.
O novo director, que é o segundo leigo a ocupar o cargo nos 91 anos de história do jornal, substitui o Pe. José Miguel Torres Pereira, que pediu para ser dispensado depois de cinco anos à frente daquele órgão de comunicação social da Igreja Católica.
Em nota publicada no site da arquidiocese, o Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, agradeceu ao sacerdote a “extrema dedicação à causa de dirigir um jornal de inspiração cristã”.
Para o prelado, o Diário do Minho (DM) deve estar “atento às pessoas, sobretudo aos mais carenciados e desprotegidos, e às duras situações deste tempo, para nelas introduzir fermento e valores, e para delas fazer uma leitura de esperança e confiança”.
Referindo-se ao estatuto editorial do jornal, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa salienta que os redactores deverão saber “denunciar injustiças, mentiras, preguiças e outras chagas sociais, políticas, culturais ou religiosas”.
Liderança na imprensa regional mas “perigosa descida” na publicidade
No texto de despedida, o Pe. José Miguel Pereira frisa que quando estabeleceu “cinco anos como duração do contrato” não o fez “por receio de não exercer bem as funções, mas antes porque, nos meios de comunicação social da Igreja, não há ainda a mentalidade de fixar objectivos e fazer avaliação dos mesmos”.
“Ao contrário de outros sectores eclesiais, aqui a manutenção é um tremendo risco na luta diária pela sobrevivência”, refere o sacerdote, citando um artigo que assinou em Dezembro de 2009.
Na mensagem, o Pe. José Miguel Pereira, que vai passar a ser responsável pelas paróquias de São Paio de Apúlia e Santa Marinha de Rio Tinto, do arciprestado de Esposende, recordou os resultados obtidos durante os cinco anos de mandato.
“O DM sempre foi o jornal regional mais lido no distrito de Braga, segundo a Marktest – liderança que até foi reforçada – e em 2009 também subiu no número de exemplares vendidos nos quiosques, em relação ao ano anterior – ou seja, recuperamos perdas, crescemos em época de crise”, refere o sacerdote.
Na sua mensagem, o actual director retoma o alerta feito em Dezembro, quando escreveu que 2009 foi marcado por “uma perigosa descida quanto às receitas relacionadas com a publicidade, aspecto que exige uma séria avaliação quanto ao modo como está organizado o departamento comercial”.
Uma descida que, segundo o actual director, foi “compensada pelo bons resultados da Gráfica, melhorada nos últimos anos para acolher outros jornais e publicações”, mas tendo sempre o DM como uma “âncora” que “continua na liderança da imprensa regional, mesmo sem fazer grande publicidade disso”.
O sacerdote realçou igualmente a remodelação da página da internet do “Diário do Minho” e a publicação trimestral com distribuição gratuita.
Entre as intenções não concretizadas, o texto de despedida menciona a conferência sobre o futuro da imprensa de inspiração cristã e a digitalização do arquivo do jornal, que em 15 de Abril assinalou 91 anos.
Novo director
Luís da Silva Pereira é natural de Peso da Régua, tendo dedicado grande parte da sua actividade profissional à leccionação e investigação na Universidade Católica Portuguesa (UCP), especialmente na área da Literatura Portuguesa e Teoria Literária.
Completou a licenciatura em Filosofia e Humanidades pela Faculdade de Filosofia de Braga da UCP e fez o doutoramento em Literatura Portuguesa, com a tese “Imagens da Lírica Camoniana. Reportório e Interpretação”, pela mesma faculdade.
A História da Arte, Iconografia e Arte Sacra fazem também parte dos seus interesses.
Escreveu para o Diário do Minho, Jornal da Madeira, Notícias de Vila Verde e ganhou, em dois anos sucessivos, o prémio de Crónica do Jornal de Notícias.
É autor de sete livros, dos quais se destaca “Histórias de Davidim”, pelo qual recebeu o Prémio Adolfo Simões Muller.
