Férias e silêncio, uma boa aposta

Pe. Basileu Pires

Tempo de férias, tempo para descansar. Saímos do local e das ocupações habituais para usufruir de um tempo de lazer, sem a pressão de horários que o trabalho e o dia-a-dia exigem. É uma experiência de liberdade. Temos mais tempo para nós mesmos e para aquilo de que mais gostamos e necessitamos. Retemperámo-nos. Renovámo-nos. A todos os níveis: físico, psicológico e espiritual, pessoal e familiarmente.

Por isso, as férias, quando se entende a liberdade como adesão ao que mais profundo há em nós e a um despertar de energias de autenticidade, são também um convite ao silêncio, um convite a escutar a música límpida que brota do nosso interior. A original! 

A experiência de retiro, seja diária seja mensal e anual, que tão familiar é ao cristão, apresenta alguns pontos de contacto com aquilo que estamos a dizer. Fazer retiro é retirar-se do local e das ocupações habituais para estar a sós com Deus, no silêncio, para encontramo-nos connosco mesmos e com Deus. É um ir à fonte de cada um de nós. É beber da água que nos sacia. Aí nos retemperamos! Aí nos renovamos!

Não é, pois, descabido que silêncio seja um dos elementos requeridos para um bom quite de férias, para que elas sejam verdadeiramente repousantes, como todos queremos e precisamos.

Vivo no Convento de Balsamão, local que muitas pessoas procuram para umas férias repousantes, pela razão que acabado de referir. Balsamão “é o local onde se ouve o silêncio”, como costumamos dizer e as pessoas confirmam. De facto é local que prima pela ausência de barulho exterior que perturba e cansa. Mais importante que o silêncio exterior, sabemos, é o silêncio interior. Mas o silêncio exterior ajuda, relaxa, solta e convida ao silêncio interior.

O silêncio interior põe-nos à escuta da autenticidade de nós mesmos, do que temos de mais belo em nós, do que temos desejo profundo, de Deus. Há outras vozes, é verdade, vozes perturbadoras. Pelo fruto as conheceremos. E a luta para apaziguar a algazarra interior trava-se! Mas o bem, o belo e o bom vence sempre! E a paz acaba por correr serena como um rio na planície.

Como é importante que nesta luta de, no silêncio exterior e interior, encontrar a paz, ter propostas de ajuda. Alguém que procura um local para passar férias como um Convento ou outras hospedarias junto de oásis do silêncio encontra certamente essas propostas de ajuda. Estou a falar de proporcionar espaços e momentos de reflexão e oração pessoal e comunitária, de espaços de diálogo com um padre espiritual, de tempos e espaços de leitura espiritual, de proporcionar a participação na Eucaristia e oração da Liturgia das Horas.

No tempo de agendas muito cheias, de muitos e desgastes contactos, de correrias, o convite a fazer férias em que o silêncio ocupe um lugar de destaque é uma aposta que vale a pena, para que regressemos retemperados, fortalecidos, cheios de paz, renovados, para retomarmos a tarefa de nos doarmos com alegria aos outros. O mundo em que vivemos precisa de homens e mulheres assim! E nos precisamos de ser assim! Só assim seremos felizes!

Pe. Basileu Pires, MIC

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