Voluntariado missionário, «uma experiência de vida»

Miguel Peres não esquece o tempo que passou em Cabo Verde

Passaram três anos desde que Miguel Peres partiu em missão para Cabo Verde. Há algum tempo que este jovem de 22 anos procurava uma associação “onde se encaixasse” e onde pudesse estar “ao serviço dos outros”.

A oportunidade surgiu através da Associação de Acção Social da Universidade Lusíada (AASUL), que o jovem descobriu ao entrar para o curso de Produção Alimentar e Restauração.

“Não decidi fazer missão logo que entrei, foi algo que me foi proposto no segundo ano”, recorda, em entrevista ao programa da Igreja Católica na Antena 1.

A AASUL divide a sua acção em dois tipos de projecto: Em Portugal, tem uma actividade semanal de voluntariado e várias outras sazonais; no estrangeiro, realiza projectos missionários em Cabo Verde, particularmente na Ilha do Fogo, nos meses de Agosto e Setembro.

“Eu fiquei na parte da Cova Figueira, na Ilha do Fogo” conta Miguel Peres, integrado numa missão se dividia ainda por São Filipe.

A primeira memória que guarda da ilha é a de “uma avioneta de janela aberta” e de uma “pista de aterragem ainda em construção”.

Uma aventura que serviu para antecipar o choque inicial que sentiu, ao contactar com uma realidade tão diferente, onde o simples acesso à água, por exemplo, representava uma luta diária.

“Nós, que temos a água que queremos, passamos horas ao banho, lá tínhamos que ir buscar a água ao poço e tomar banho com um púcaro” conta.

A preparação dos voluntários missionários passa muito pela antecipação das dificuldades. No caso da AASUL, realizaram-se reuniões de equipa e ouviram-se testemunhos das pessoas que já tinham participado numa missão.

Durante o mês e meio que Miguel Peres passou na Ilha do Fogo, integrado num grupo de jovens rapazes e raparigas, foram vários os projectos desenvolvidos.

Foi lançado um curso de informática, com várias turmas; o grupo deu apoio ao Centro de Saúde local; desenvolveram actividades de ocupação de tempos livres, para crianças e jovens; colocaram-se ao serviço da paróquia, acompanhando o sacerdote em oração pelas aldeias, rezando o terço, contactando com a comunidade.

“São pessoas que estão fechadas numa ilha e, dentro dessa ilha, estão fechadas na sua aldeia” ilustra o estudante missionário, tendo guardados na memória vários momentos especiais, como “a ajuda num parto que fomos chamados para ajudar, o trabalho com as crianças, o contacto humano que se estabelecia, as mensagens que se conseguiam passar”.

Ir em missão significou para Miguel Peres a mudança de hábitos de vida e um empenho maior ao serviço da sociedade.

“Quando estamos lá, em missão, o acto de dar é muito mais fácil, é esse o nosso objectivo. Quando voltamos para a sociedade, estamos divididos por muitas coisas, escola, trabalhos, amigos, casa, e dar torna-se mais difícil”, ressalva.

No contacto com as pessoas, que lhe perguntam acerca do seu trabalho missionário, há sempre duas posturas: “Uns perguntam-me como é que podem ir, que associações é que existem, etc. Outros dizem-me que não conseguem, e aí eu convido-as a experimentar, digo-lhes que é uma experiência de vida”.

O jovem Miguel Peres tem agora como objectivo regressar a Cabo Verde, para “rever os amigos” e garante que vai cumprir uma promessa que fez a si próprio, de subir o vulcão da Ilha do Fogo.

A entrevista é transmitida esta Terça-feira, pelas 22h45, no programa da Igreja Católica na Antena 1.

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