Bento XVI lembra ensinamentos de S. Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica
Bento XVI condenou esta Quarta-feira o “relativismo ético” e os totalitarismos políticos, considerando que crentes e não crentes devem “reconhecer as exigências da natureza humana expressas na lei natural”.
“Quando a lei natural e a responsabilidade que ela implica são negadas, abre-se dramaticamente o caminho ao relativismo ético sobre o plano individual e ao totalitarismo do Estado sobre o plano público”, defendeu.
O Papa dedicou a sua audiência pública de hoje à figura de S. Tomás de Aquino (1225-1274), um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica.
Partindo dos ensinamentos do santo dominicano, Bento XVI disse que “a defesa dos direitos universais do homem e a afirmação do valor absoluto da dignidade da pessoa” exigem um fundamento, que é “a lei natural”, com os valores “não negociáveis” que a mesma indica.
Bento XVI ressaltou que, para “o futuro da sociedade e o desenvolvimento de uma sã democracia”, é preciso redescobrir a “existência de valores humanos e morais essenciais” que “decorrem da própria verdade do ser humano e exprimem e tutelam a dignidade da pessoa”.
Estes são valores “que nenhum indivíduo, nenhuma maioria e nenhum Estado podem criar, modificar ou destruir”.
Em português, o Papa falou da “confiança que São Tomás de Aquino deposita nos dois instrumentos do nosso conhecimento – a fé e a razão”, assente na convicção de que “ambas provêm da mesma e única fonte da verdade, o Verbo divino”.
“Este acordo fundamental entre razão humana e fé cristã transparece ainda noutro princípio basilar do seu pensamento: a Graça divina não anula, mas supõe e aperfeiçoa a natureza humana”, acrescentou.
Segundo Bento XVI, S. Tomás de Aquino “propõe um conceito amplo da razão humana, porque não se limita aos espaços da chamada razão empírico-científica, mas abre-se a todo o ser e às questões fundamentais e irrenunciáveis do viver humano”.
O Papa destacou que a teologia do santo do séc. XIII ainda hoje ajuda a “superar algumas objecções do ateísmo contemporâneo, o qual nega que a linguagem religiosa tenha um significado objectivo”.
Bento XVI saudou “todos os peregrinos lusófonos”, em particular “os professores e alunos portugueses do Centro Cultural Sénior de Braga, para todos implorando uma vontade que procure a Deus, uma sabedoria que O encontre, uma vida que Lhe agrade, uma perseverança que por Ele espere e a confiança de chegar a possuí-lo”.