Trabalhadores não querem ser bodes expiatórios da crise

Seminário internacional abordou desafios criados pela actua situação económica e financeira

Os movimentos católicos para o mundo operário não querem que os trabalhadores sejam o bode expiatório da crise económica e financeira, pedindo “Mais e Melhores Empregos”.

Este foi o tema do seminário internacional que decorreu em Aveiro, com organização da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC), que procurou identificar os desafios à inovação para “criar mais emprego sustentável”.

Fátima Almeida, Coordenadora Nacional da LOC/MTC, fala no “grave problema” de uma “crise social” que é marcada pela “falta de emprego”.

“A resposta está em mais qualificação, mais formação, criação de novos empregos, novas indústrias, e aqui a responsabilidade será de todos”, assinala, com particular importância para “as organizações de trabalhadores”.

Neste campo, observa a coordenadora, a Igreja tem um papel importante para “integrar os trabalhadores neste processo de mudança” e ajuda-los a ser “protagonistas” nesta mudança.

“O combate, neste momento, é por encontrar soluções para o desemprego”, sublinha.

Ao Parlamento Europeu, a LOC/MTC fará chegar um apelo em favor de um “diálogo social mais forte e mais concreto”.

Para o chileno Daniel Navas Vegas, da Organização Internacional do Trabalho e consultor do EZA – Centro Europeu para os Assuntos dos Trabalhadores da UE, as causas da actual crise residem na ilusão criada pelo sistema financeiro de que “as coisas eram perfeitas”.

“Estamos a viver num mundo em que não havia nenhum controlo”, diz à ECCLESIA, condenado “o total esquecimento dos princípios éticos”.

Daniel Navas Vegas recorda a “relação directa entre economia e emprego” para indicar o caminho para sair da crise, sublinhando ainda a necessidade de promover “programas activos de emprego” e gerar “novos serviços” – dando, a este respeito, o exemplo da cozinha portuguesa, que considera pouco conhecida.

Salvador Tejera, delegado para relações internacionais da HOAC (Hermandad Obrera de Acción Católica), de Espanha, admite que a situação no país é vivida com “preocupação”, em particular desde 2008, por causa da perda dos postos de trabalho.

Os “altos níveis de endividamento” levaram a uma situação “muito grave”, segundo este responsável, o qual recorda que a crise gerada pelas grandes instituições financeiras “tem um rosto humano”.

Jorge Teixeira da Cunha, Director-Adjunto Faculdade de Teologia da UCP, diz que a Igreja, com a sua Doutrina Social, “tem uma tarefa de retaguarda ética”.

“Os trabalhadores cristãos têm a missão de iluminar a realidade a partir de uma dimensão anterior, que é essa tal dimensão ética”, observa.

Os participantes no Seminário entendem que para termos mais e melhores empregos é importante que “se promova o trabalho digno, o diálogo social e a democracia nas empresas, como garantia para as boas práticas nos locais de trabalho” e que se reforce o “papel regulador do Estado”.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top