Suscitar novas vocações sacerdotais

Pe. Jorge Madureira, secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios

Será ainda cedo para fazer o balanço do Ano Sacerdotal proposto pelo Santo Padre e avaliar os seus frutos, alguns precisam de tempo para amadurecer e ser visíveis. Pois foram múltiplas e diversificadas as realizações em cada uma das Dioceses de Portugal, a preencher os meses, entre 19 de Junho de 2009 e a próxima sexta-feira, dia 11 de Junho, data do encerramento oficial. Para o assinalar, ocorrerá desde Quarta-feira um Congresso Internacional de Sacerdotes, em Roma. Segundo dados já disponíveis, reunirá 8000 padres de várias partes do mundo, de Portugal quase uma centena. Portanto, num olhar retrospectivo e de impressões primeiras, talvez seja mais acertado fazer um ponto de situação.

Destacaria duas grandes iniciativas que marcaram a realidade Presbiteral a nível nacional: o VI Simpósio do Clero, em Setembro último, e o encontro com Bento XVI, ambos em Fátima. Se o primeiro teve características de relançamento nacional do Ano Sacerdotal no início do Ano Pastoral, o segundo, poderemos dizer que foi, especialmente para os sacerdotes, o seu culminar.

O Simpósio do Clero tratou de encontrar caminhos para a renovação interior, como condição para um compromisso evangélico e ministerial mais incisivo, como tinha pedido o Papa a 16 de Março de 2009, à Congregação do Clero. Os sentimentos desses dias foram de reencontro fraterno, de comunhão e de revitalização, um autêntico reavivar do dom do sacerdócio. As conclusões deixaram perceber o sentido e a necessidade de uma formação contínua que acompanhe todas as idades do ministério sacerdotal como conformação com Jesus Cristo, Filho obediente, Servo sofredor.

Os meses que decorreram desde aí, foram certamente oportunidade para cada sacerdote pessoalmente poder fazer releitura do seu ministério. Sobretudo, tendo diante de si aquela figura cheia de santidade e sentido profético que foi o Cura de Ars, que não deixa dúvida sobre o significado, a modernidade, e a importância do ministério sacerdotal para que a humanidade se encontre com a verdade do seu destino e possa aceder à salvação. Muitos outros testemunhos de santidade sacerdotal se lhe seguiram. Esquecidos ou desconhecidos da maior parte dos cristãos e da opinião pública. Merecem o nosso reconhecimento agradecido. Tantos que têm testemunhado fidelidade ao Evangelho ao longo dos séculos. A que se deve acrescentar agora o testemunho de fidelidade de cada um dos nós.

Foi este tempo, oportunidade, para que uma parte dos cristãos tomasse ou reavivasse a consciência, do papel insubstituível para a vida da Igreja, do serviço do padre. E foram muitos os momentos para despertar, nos jovens que manifestam receptividade a esta vocação, o gosto por uma vida inteiramente dedi-cada ao serviço de Deus e da Igreja. Os Seminários têm registado maior afluência de jovens que procuram dar resposta à inquietação que remexe os seus corações.

Por parte de muitos sacerdotes deu-se o reencontro com o sentido profundo e autêntico da Pastoral Vocacional. Não se podem poupar esforços no alento a dar às vocações sacerdotais e no despertar dos católicos para o verdadeiro significado e a necessidade do sacerdócio.

A redescoberta de uma oração que pede a santificação dos sacerdotes e novas vocações sacerdotais, se não estava esquecida, nem sempre contava com a assiduidade pedida pelo Senhor por esta intenção. E esta foi também uma aquisição deste Ano.

Alguns sinais chegam das comunidades cristãs eclesiais e domésticas mais conscientes da urgência de semear e cultivar as sementes da vocação ao ministério presbiteral nos seus filhos.

Dos seminaristas espera-se que confrontem as suas motivações com a solidez da tradição da Igreja a respeito do sacerdócio católico.

Particularmente significativo foi a Celebração de Vésperas, com Bento XVI em Fátima. Na sua meditação, apontou-nos como condições de renovação interior, o cultivo de intimidades muito específicas. Da contemplação de Maria, da sua vocação e fidelidade a Jesus até à cruz e nos inícios da Igreja, retiraremos a força de com Ela e como Ela sermos livres para ser santos; livres para ser pobres, castos e obedientes; livres para todos… 

Outra intimidade quotidiana é com a fidelidade de Jesus ao Pai. Uma terceira, a desenvolver, é com os irmãos no presbitério, vencendo distâncias e isolamentos que obscurecem a natureza sacramental do presbitério.  

Pediu ainda aos sacerdotes para não descurarem os caminhos por onde Cristo quer perpetuar o sacerdócio ministerial. Mantendo viva dentro de si mesmo e ao seu redor o desejo de suscitar novas vocações sacerdotais. Deste desejo possa surgir um dos melhores frutos do Ano Sacerdotal: o aumento das vocações sacerdotais.

Pe. Jorge Madureira, Secretário da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios

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