Alma Perdida: Uma comédia bem achada!

Paul Giamatti, o fantástico actor americano de “Sideways” e “Cinderella Man” é… Paul Giamatti na inspirada comédia “Alma Perdida”de Sophie Barthes: um actor a braços com a complexidade de Vanya (Tio Vanya), a célebre personagem de Tchekov que ensaia para em breve encarnar em palco.

A angústia provocada pelo sofrimento que Vanya imprime em Paul é tal que este, incapaz de se desligar da personagem, procura desesperadamente uma solução. Uma insólita empresa que promete a extracção e armazenamento de almas para alívio do seu detentor, parece-lhe a solução ideal.

Submetido à dita extracção, Paul mal pode imaginar as péssimas consequências de tal acto… daí para diante entra numa espiral de emendas ao acto irreflectido que, como bem diz o ditado, só pioram a situação…
Partindo de uma premissa metafísica, a quase estreante Sophie Barthés (seis anos de carreira no cinema, primeira longa metrgem) tenta, com uma curiosa mistura de ingredientes, um divertido ensaio sobre a alma humana. Numa combinação de ingredientes de gosto agridoce, concebe um filme descontra-ído que nos faz obrigatoriamente pensar na forma como tantas vezes gostaríamos de nos livrar do que mais nos atormenta. Como, mesmo sem nos dar conta, procuramos as soluções mais fáceis e externas para o que de mais profundo, íntrinseco e difícil temos a resolver.

Às perguntas sobre se podemos viver sem dor ou agústia e se podemos dispensar a nossa própria alma – com as necessárias implicações com a nossa liberdade, livre arbítrio, o que somos e o que queremos ser ou a nossa condição humana – a resposta de Barthés é clara e transparente, mesmo que não lhe cheguemos com a profundidade merecida.

Sem trair, por um só momento, essa sua declarada intenção lúdica o filme merece ser visto. Sem a ter como limitação e para além da qualidade do desempenho de Giamatti, sobejamente elogiado por crítica e cinéfilos.

Margarida Ataíde

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