Durante nove dias, um grupo de militares fez cerca de 1200 quilómetros em bicicleta para participar na Peregrinação Militar Internacional no Santuário francês
Durante nove dias, um grupo de militares pedalou do Porto ao Santuário de Lourdes (França) para participar na Peregrinação Militar Internacional (PMI) que decorreu naquele santuário mariano, de 20 a 25 de Maio.
O alferes Marco Ordonho foi o chefe desta missão e explicou à Agência ECCLESIA o espírito que presidiu a esta «pedalada» até ao santuário de Lourdes. “Primeiramente, a religiosa e, depois, a vertente desportiva”. E acrescenta: “Tinha um grupo bem preparado – fisicamente e psicologicamente – e decidimos vir até Lourdes”.
Para percorrer os cerca de 1200 quilómetros do percurso, o alferes Ordonho sublinha que o grupo (8 cicloperegrinos) realizou alguns treinos preparatórios. “Muitas horas de treino, mas com algumas dificuldades porque não estamos numa unidade operacional onde, normalmente, é feito um treino físico em conjunto todos os dias”.
Os militares treinaram de acordo com as suas disponibilidades. “Conseguíamos treinar ao Domingo em conjunto e mesmo assim era difícil reunir todas as pessoas” – realçou o alferes Ordonho.
As mazelas do percurso das nove etapas não são visíveis. No entanto, o chefe de missão confessou que o trajecto foi exigente. “Há o cansaço físico e também psicológico que, por vezes, leva-nos a não ser tão correctos com as pessoas”. Das três pessoas que estiveram na génese do projecto, apenas uma teve oportunidade de se deslocar ao santuário de Lourdes.
Baptizado a 18 de Abril deste ano, a vela do primeiro sacramento da iniciação cristã do filho do alferes Ordonho acompanho-o durante a cicloperegrinação. “Fiz questão que essa vela me acompanhasse durante toda a viagem e estar presente também na cerimónia da bênção das velas” – contou.
O sargento-ajudante Soares foi também um dos participantes nesta aventura que começou a 13 de Maio e terminou a 21 do mesmo mês. É um adepto deste tipo de desporto e fá fez outras cicloperegrinações: – “Ao Santuário de Fátima e a Santiago de Compostela” – disse.
Quase a completar 47 anos, mas com boa preparação física, este cicloperegrino ficou “bastante surpreendido com a peregrinação”. Aos amigos irá relatar que foi uma experiência “maravilhosa” e “não esperava encontrar esta diversidade de militares”.
“Católico praticante”, o sargento-ajudante Carlos Pinto trabalha na Direcção e Administração de Recursos Humanos (Porto) e realçou à Agência ECCLESIA que antes da partida para mais uma etapa “fazíamos a nossa oração”. Na chegada “agradecíamos por termos chegados todos bem”.
Ao longo da peregrinação, Carlos Pinto fez-se acompanhar pelas fotografias da esposa e dos filhos. “Não as deixo” – referiu. De Lourdes leva “boas recordações” e pensa voltar novamente a este santuário mariano. “Se houver de bicicleta estarei cá outra vez”.
O sargento-ajudante Morais sempre teve a motivação de ir a Lourdes. “Quando surgiu a oportunidade agarrei o projecto”. Apesar das dificuldades – tiveram de subir o Pirenéus – este militar nunca pensou em desistir. “Estava num grupo muito unido, quando alguém estava mais cansado parávamos e tirávamos umas fotografias”.
A subida da cadeia montanhosa e a chegada ao santuário foram os momentos mais marcantes para o sargento-ajudante Morais. Não conseguiu ver tudo o que rodeava o santuário de Lourdes. “Se calhar tenho de cá voltar outro ano para conseguir ver o que falta” – disse. E acrescenta: “nunca pensei ver este ambiente envolvente” e “comovi-me na bênção das velas”. Para guardar na sua memória esta cicloperegrinação, este militar leva para Portugal “umas velas e uns terços para oferecer”.
Desistir nunca esteve nos horizontes de Armando Pascoal, Sargento-Chefe do Exercito Português. “Só mesmo na última das últimas” – sublinhou. Foi um dos pais deste projecto e realça que a concretização deste deve-se também “ao projecto do Exército Português – D. Afonso Henriques”. Uma iniciativa que “nos enriqueceu muito”.
A chuva, o granizo, o frio e o sol foram companheiros nas etapas. Armando Pascoal frisou também que o grupo teve um “cuidado especial com a alimentação”. Como todos os cuidados são poucos, os cicloperegrinos fizeram-se acompanhar por uma carrinha de apoio.
O Sargento-Chefe do Exercito Português disse que já auscultou alguns companheiros e “são de opinião que devemos repetir a iniciativa”. Ricardo Domingues, Primeiro-Sargento, sublinha que a subida dos Pirenéus foi “o momento mais marcante”. Quando chegou ao santuário de Lourdes “senti-me imensamente feliz” – conclui.
Luis Filipe Santos, na Peregrinação Militar Internacional ao Santuário de Lourdes