Viana do Castelo discutiu a problemática da Imigração A Igreja Portuguesa tem dar um salto «qualitativo» deixando «uma visão assistencialistas» dos Imigrantes e enveredar e apostar na «integração» de todos, em autêntica «celebração dos direitos humanos», defendeu ontem, em Ponte de Lima, o padre Rui Pedro da Obra Católica das Migrações. Num encontro que contou com uma forte participação de padres e leigos ligados à Pastoral Social, Rui Pedro sublinhou que a Igreja desempenhou um excelente serviço «quando foi procurada», mas já coloca dúvidas quanto à eficácia da sua actuação na nova fase a que actualmente é chamada porque está obrigada a «ir ao encontro» não se «contentando com o que já faz». A abordagem da Igreja à problemática da Imigração começou pelo social, muitas vezes traduzida na imagem «pobrezinho coitado». Hoje, sem descurar esta atenção, até porque ela vai ser muito necessária no apoio para a regularização de muitos imigrantes, daqui a algum tempo quando sair a regulamentação da lei, a situação é outra, disse o padre Pedro, e por isso torna-se necessário «dar espaço e voz», nas comunidades, a esta gente que vem até nós. Acusou a Igreja de propor «muitas iniciativas que não passam de folclore» e isso «muitas vezes afasta [os imigrantes] porque se sentem utilizados e humilhados». Avançando nos diversos aspectos da vida da Igreja perguntou onde está a Pastoral Familiar, para intervir nos «problemas familiares que se passam no seio dos Imigrantes, onde está a Pastoral Juvenil para integrar «os jovens imigrantes» onde está a capacidade de acolhimento da Igreja para integrar no seu seio «uma nova vaga de imigrantes brasileiros onde surgem muitos cristãos das comunidades de base». Crítico quanto baste, falou de um país onde existe «discriminação», «não se diz mas pratica-se» e a título de exemplo apontou toda a problemática surgida com os dentistas brasileiros e agora com os chumbos, em Lisboa, dos médicos de Leste, vendo nestas situações forma de discriminação e racismo «corporativista». Olhando para a actualidade, este sacerdote que trabalha no seio dos bairros mais degradados de Lisboa e de Setúbal, conhecedor da totalidade daqueles ambientes, classificou de «vergonhosa»a rusga que as forças policiais realizaram estes dias no Intendente tendo levado para a esquadra, e posto em liberdade pouco depois, mais de 200 pessoas. Na sua perspectiva não é com atitudes como esta que se vai criar uma imagem de segurança, bem pelo contrário, serve apara acentuar um certo mal estar da sociedade que ainda não percebeu que é o país europeu que menos imigração tem (4,5 por cento) e que a que tem lhe faz falta. Sem deixar de alertar para as problemáticas que se escondem por detrás da imigração, redes mafiosas, exploração desta gente por empresários sem escrúpulos, o padre Rui Pedro sublinhou que é fruto da presença desta gente (da América do Sul, da África, ou de Leste) que muitas empresas se regularizaram e que para a Igreja é uma bênção porque lhe permite «viver a dimensão universal do cristianismo». Esta iniciativa dos Secretariados da Pastoral Social e da Mobilidade vai prosseguir com a realização doutros encontros, noutros pontos da Diocese de Viana do Castelo.