Bento XVI está «muito próximo da dor do sacerdote» e do seu «esforço de fidelidade»

Palavras do Papa expressam «sentimento muito pessoal de fragilidade e pobreza»

Fidelidade, oração, amor ao próximo, fraternidade entre pessoas consagradas e necessidade de suscitar vocações sacerdotais foram alguns dos aspectos referidos por Bento XVI durante a oração de Vésperas rezada na tarde desta Quarta-feira, em Fátima.

O Pe. Atalívio Rito, actualmente a trabalhar na paróquia de Alcoutim, diocese do Algarve, acredita que as palavras do Papa expressam “um sentimento muito pessoal de fragilidade e pobreza”.

Na prece de consagração dos sacerdotes ao Imaculado Coração de Maria, proferida por Bento XVI antes do fim da oração, o religioso da Fraternidade da Mãe de Deus viu uma manifestação “de quem sabe onde tem de ir” buscar forças.

“Comoveu-me essa sensibilidade, simplicidade e humildade de quem precisa”, disse o Pe. Atalívio, que sentiu o Papa “muito próximo da dor do sacerdote” e do seu “esforço de fidelidade”.

Uma dos momentos da intervenção de Bento XVI que mais tocou o religioso foi a alusão à castidade, que segundo ele, “não é uma imposição nem uma obrigação, mas um gesto de liberdade interior, de convicção e de amor a Deus”.

De cabelo tonsurado, o Ir. João Paulo realçou que as palavras do Papa são um “incentivo a continuarmos a ver para além das nossas limitações, confortando-nos no meio de tantas desolações que os media nos têm oferecido, principalmente no ataque contra o celibato”.

Para este frade brasileiro de 20 anos pertencente à Fraternidade Arca de Maria, a formação “deve ser altamente vigiada e instruída a nível religioso e moral”, com vista a um compromisso que se assume “por livre e espontânea vontade”.

Laurentina Alvarez, nascida em Espanha, concorda com esta perspectiva: “Escolhemos seguir Cristo com plena liberdade”, frisou a religiosa de 50 anos que pertence à comunidade das Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados.

O Pe. José Nuno, coordenador das capelanias hospitalares, recordou a primeira eucaristia solene a que presidiu depois de ser ordenado, há duas décadas: “Faz hoje dois anos que morreu a escultora Irene Vilar, que concebeu o cálice da minha missa nova”

“No sítio onde a minha mão pega, quando celebro a eucaristia, está escrito ‘Per ipsum, et cum ipso, et in ipso’. O facto de o Papa, na oração de consagração dos sacerdotes ao Coração de Maria, ter dito que o padre só o é quando é ‘Por Cristo, com Cristo e em Cristo’, foi uma coincidência que fez com que eu tivesse vivido um momento belo, intenso e profundo”.

No entender deste sacerdote da diocese do Porto, o mais difícil de concretizar na vida de um padre é a “fidelidade” a Cristo e a comunhão “íntima e existencial” com ele: “Com isso, tudo é possível; sem isso, tudo é fraude”.

A Ir. Francisca, brasileira da Congregação das Filhas de São Camilo, foi sensível ao apelo à fraternidade entre religiosos: “Um irmão deve estar atento ao outro, que pode estar num momento de dificuldade, e temos de ser nós os primeiros a ampará-lo”.

Bento XVI dedicou um parágrafo da sua alocução aos seminaristas, tendo-lhes pedido que examinem as intenções e motivações que os estão a conduzir à ordenação sacerdotal, que se apliquem no estudo e não esqueçam a importância da missa e da adoração do Santíssimo Sacramento.

Duarte Morgado, aluno do 4.º ano do Seminário dos Olivais, pertencente ao Patriarcado de Lisboa, sublinhou a importância da adoração eucarística e da preparação académica: “O estudo é fundamental porque estamos numa sociedade que exige aos padres uma resposta imediata e inteligente”.

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