Maioria cristã não tira o lugar a ninguém, diz Cardeal Patriarca

D. José Policarpo entregou ao Papa uma relíquia de São Vicente, principal padroeiro da Diocese

O Cardeal Patriarca de Lisboa afirmou hoje que “a maioria católica não tira o lugar a ninguém”, sublinhando que a cidade se distingue pela hospitalidade aos imigrantes não cristãos.

Interrompido por aplausos nesta passagem, D. José Policarpo acrescentou: “Também os acolhemos com amor, aprendemos a respeitar a sua fé, a conviver no diálogo e a descobrir valores que temos em comum”.

Estas palavras foram proferidas na saudação de boas-vindas que dirigiu a Bento XVI, no início da missa celebrada esta Terça-feira no Terreiro do Paço.

“Estamos reunidos num dos locais mais belos da nossa cidade, em que esta se debruça sobre o rio que a atrai para o oceano infinito. Os habitantes de Lisboa nascem e morrem envolvidos por esta beleza e atraídos pelo infinito”, referiu o Cardeal Patriarca.
 
O prelado salientou que os habitantes da cidade “habituaram-se a estar dispostos a partir” à procura de “novos mundos, dinamizados pela urgência missionária do anúncio”, disposição que segundo o Patriarca continua a verificar-se.
 
Depois de recordar que o povo português “sempre teve um grande amor ao Papa, manifestado mesmo nas épocas mais conturbadas da nossa História”, D. José Policarpo sublinhou que a presença de Bento XVI “é um convite a aprofundar e a tornar mais radical” a fidelidade da Igreja.
 
Após a saudação, o Papa recebeu das mãos de D. José Policarpo uma relíquia (pequena parte dos restos mortais) de São Vicente, padroeiro principal de Lisboa, oferta que nas palavras do prelado significa o desejo da diocese de “servir” e a sua “determinação” de ser fiel, “custe o que custar”, à imagem da vida do patrono que morreu a testemunhar a fé cristã.
 
D. José Policarpo afirmou que a presença de Bento XVI é uma “graça muito especial” e agradeceu-lhe a possibilidade de proferir palavras que ajudam “a abrir a inteligência e o coração à profundidade e à beleza do mistério”.
 
“Todos nós, mas sobretudo os nossos jovens” precisam de “testemunhas vivas da fé, aquelas em que toda a vida se torna palavra”, sublinhou D. José Policarpo numa alusão ao Papa.
 
A referência aos jovens foi também sublinhgada por aplausos dos milhares de jovens que compareceram no Terreiro do Paço.
  
Mas a vossa presença física é uma graça muito especial: poder ver-vos e saudar-vos, porventura cruzar o vosso olhar que nos comunica a bondade do Pastor, poder rezar convosco, ouvir a vossa palavra que nos convida sempre a abrir a inteligência e o coração à profundidade e à beleza do mistério.
 
Ponto de partida, este Rio é também uma porta de entrada e ensinou-nos a acolher quem chega. E chegam muitos, turistas que nos visitam, emigrantes à procura de um país de acolhimento.
 
Muitos dos que chegam não são cristãos, praticam outras religiões. Também os acolhemos com amor, aprendemos a respeitar a sua fé, a conviver no diálogo e a descobrir valores que temos em comum. A maioria católica não tira o lugar a ninguém.
 
 
São Vicente, Diácono e Mártir.
Era Santo de grande devoção das comunidades de cristãos moçárabes, a Igreja que subsistiu durante o longo período de domínio muçulmano 
infundindo-lhe coragem para sofrer quando a fidelidade o exigir.
 
Por isso, entrego a Vossa Santidade uma Relíquia autêntica de São Vicente. Ela quer significar, Santíssimo Padre, o nosso desejo de servir, a nossa determinação de sermos fiéis, custe o que custar, também ela protegida por São Vicente, cujos símbolos estão gravados nas suas armas.
 
Confirme-nos na fé, comunique-nos a Vossa coragem de sofrer com serenidade, partilhe connosco a paixão da verdade.
 
Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top