A Igreja tem a alegria de se colocar ao serviço de todas as componente da sociedade. O que requer que se possa exprimir publicamente dando o seu parecer sobre as questões de interesse comum. Observações de Bento XVI, dirigindo-se ao novo Embaixador da Bélgica junto da Santa Sé.
“Como instituição, a Igreja tem direito a exprimir-se publicamente. Ela partilha esse direito com todos os indivíduos e instituições para fornecer o seu parecer sobre as questões de interesse comum. A Igreja respeita a liberdade, para todos, de pensarem de maneira diferente da sua. Gostaria que também se respeite o seu direito de expressão”.
Bento XVI recordou que a mensagem religiosa da Igreja se pode condensar nas palavras “Deus é amor”. Tendo como objectivo o bem comum, a Igreja apenas reclama a liberdade de poder propor esta mensagem, no respeito da liberdade das consciências, sem a impor a quem quer que seja”.
Neste contexto, o Papa recordou a figura do belga Joseph de Veuster, mais conhecido como o “apóstolo dos leprosos”, “Padre Damião”, agora canonizado.
“O destino excepcional deste homem mostra até que ponto o Evangelho suscita uma ética amiga da pessoa, quando esta se encontra em necessidade ou posta de lado”.
É à luz de testemunhos como o que deu com a sua vida o Padre Damião que todos poderão “compreender que o Evangelho é uma força de que não há que ter medo”. O Papa declarou a sua convicção de que, “não obstante as evoluções sociológicas, o terreno cristão” da Bélgica continua ainda capaz de alimentar generosamente o compromisso de tantos voluntários que, inspirados pelos princípios evangélicos de fraternidade e solidariedade, acompanham pessoas em dificuldade.
Recordando a “vocação europeia da Bélgica”, sede de instituições da Europa comunitária, Bento XVI referiu o empenho deste país na busca de consensos, em situações complexas. Um esforço que vale também para os problemas de política interna, num país multilingue.
“A arte do consenso não se reduz a uma habilidade puramente dialéctica, mas deve procurar o que é verdadeiro e bom. Porque, sem verdade, sem confiança e sem amor do verdadeiro, não há consciência nem responsabilidade social, e o agir social fica abandonado aos interesses privados e a lógicas de poder, que acabam por desagregar a sociedade, e isso tanto mais numa sociedade em vias de mundialização”