Cinema: 9 não é um número qualquer

Abre a secção júnior do Indielisboa (de seu nome Indiejúnior, precisamente) e tem imenso público ansioso pela sua chegada a Portugal.

Praticamente desconhecido, o jovem adulto de Illinois Shane Acker viu o seu nome subir este ano à lista de candidatos dos cobiçados Oscars na categoria de Melhor Filme de Animação, particularmente distinguido pelo seu estilo original. Apesar de novidade no circuito de premiação e da respectiva internacionalização, “9”, o filme em causa, nasce de um projecto de 2005, mais precisamente de curta-metragem com o mesmo título.

Contando agora com cinco anos de amadurecimento, mais uns valentes minutos de duração e o substancial impulso representado pelas “mãos” dos (sobretudo) realizadores Tim Burton e de Timur Bekmambetov na produção, o projecto de Shane Acker ganha a forma de um conto apocalíptico que mistura de forma única a animação digital e o género fantástico.

No devastado planeta Terra, 9 presume ser o derradeiro boneco de trapos da sua espécie. Vivendo acobertado por materiais de desperdício e detritos de toda a sorte, procura escapar à inefável perseguição de um monstro, o Cat Beast (na tradução literal o “Monstro Gato”), uma espécie robótica indefinida mas indiscutivelmente feroz que se alimenta das almas dos bonecos que destrói.

Além da sua própria vida, 9 sente que tem a defender, mais que a história e o destino trágico da sua espécie, pelos quais é invariavelmente atormentado em sonhos, a alma dos seus semelhantes. E assim se decide a enfrentar o maléfico Cat Beast, com ajuda de um talismã que uma amiga lhe deu.

Mais que um conto, 9 é uma parábola contada aos mais e menos novos numa linguagem nem sempre óbvia, o que, afastando os mais pequeninos do público alvo ideal, constitui bom ponto de partida para uma exploração pedagógica sobre alguns dos temas do seu conteúdo: vida terrena e extra-terrena, morte, esperança, sentido de pertença.

Margarida Ataíde

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