Pregador do Papa diz que liberdade de imprensa transforma-se muitas vezes em «liberdade para matar»

“Muitas vezes, a liberdade de imprensa transforma-se em licença para matar”, disse o pregador do Papa, Fr. Raniero Cantalamessa, numa conferência proferida este Domingo em Braga.

O religioso franciscano capuchinho comentou a polémica em que esteve envolvido por causa das palavras proferidas na Sexta-feira Santa, na Basílica do Vaticano.

Perante o Papa, Cantalamessa leu uma carta de um amigo judeu, para quem os ataques à Igreja Católica por causa do alegado encobrimento de crimes de pedofilia cometidos por padres lhe lembravam o anti-semitismo.

“Os jornais apanharam esta frase, esqueceram que era de um hebreu e esqueceram o resto da pregação”, “centrada na luta contra a violência”, explicou o frade.

Mais tarde o rabino escreveu um artigo intitulado “Somos péssimos ouvintes” no maior diário de Jerusalém, referindo que os judeus “deixaram-se enganar pelos media e não deram conta da verdadeira notícia daquele dia”, esclareceu Catalamessa.

Para o religioso, que “não quis ofender os judeus, antes ter um gesto de diálogo”, a notícia era, ou deveria ser, esta: No dia em que os hebreus se escondiam por causa da violência dos cristãos, o pregador do Papa desejou-lhes “Boa Páscoa”, com as palavras da Mishná, ou seja, com a sua linguagem litúrgica.

“Foi uma tempestade mediática. Mas o interessante é que agora os jornais hebraicos pedem desculpa e dizem-me ‘obrigado’. […] Os meios de comunicação social fazem o escândalo, depois esquecem-no. Por isso, muitas vezes, a liberdade de imprensa transforma-se em licença para matar”, disse o frade franciscano.

O Fr. Raniero Cantalamessa esteve este Domingo em Braga para uma conferência sobre o “Veni Creator Spiritus”, hino da Igreja composto no século IX que é o tema de um dos seus livros.

Com Diário do Minho

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