Cristo Rei quer avivar atitude espiritual dos visitantes

Reitor pretende que Santuário se torne «nacional»

“Durante muitos anos o Santuário de Cristo Rei foi visto como um miradouro, traindo o carisma que o fundou”, admite o reitor daquele espaço, Pe. Sezinando Alberto, que pretende avivar a atitude espiritual dos visitantes.

“Não quero dizer que as pessoas não venham cá para ver a paisagem, mas através dela também se pode encontrar Deus”, sublinhou o sacerdote à Agência ECCLESIA.

Para o Pe. Sezinando, a paz e a misericórdia divina, que estiveram na origem do Santuário erguido em Almada, continuam a ser aspectos centrais da sua espiritualidade devido aos conflitos armados que persistem e às “outras guerras que também destroem”, como acontece no emprego e, “pior, nas famílias”.

“Esta imagem, que estando diante da capital de Portugal coloca-se também diante de todo o país, convida os portugueses a entrar no coração de Cristo”, assinala o responsável.

Entre as medidas tomadas para reforçar a ligação do Santuário à dimensão religiosa incluem-se a missa diária, a adoração do Santíssimo Sacramento e a direcção espiritual, assim como a existência de uma caixa onde são depositados “muitos milhares” de orações.

O Pe. Sezinando Alberto sublinha que as obras de arte, colocadas em diversos pontos do recinto, permitem enriquecer o percurso da Via-sacra e contribuem para que os visitantes se detenham mais tempo nas capelas e se deixem “interrogar” pela presença de Deus.

A inauguração, este ano, de uma imagem mariana do Imaculado Coração, a instalação de uma “Via Lucis” evocativa dos momentos mais importantes da vida de Jesus após a ressurreição e, a longo prazo, a construção de uma casa de retiros, são algumas das iniciativas que pretendem tornar mais explícita a vertente espiritual.

Reitor quer que Cristo Rei se torne Santuário nacional

No entender do reitor, o Santuário deveria receber o título de “nacional” por causa do número estimado de visitantes que recebe anualmente – cerca de meio milhão – e devido aos propósitos que estiveram presentes na sua origem.

Além de a imagem ter sido construída com fundos de todas as dioceses, o sacerdote baseia-se em documentos para afirmar que D. Manuel Cerejeira, o Cardeal Patriarca que a inaugurou, expressou o desejo de o Santuário se tornar nacional.

“Acho que este monumento foi a única obra que conseguiu uma só voz do episcopado português em toda a Igreja nacional”, diz o Pe. Sezinando Alberto, que destaca o facto de uma equipa de três padres, em que ele se inclui, estar a estudar a constituição dos estatutos do Santuário.

Embora a intenção de construir uma imagem inspirada na de Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, tivesse sido manifestada antes do início da II Guerra Mundial (1939-1945), a sua edificação ganhou um impulso fundamental em Abril de 1940, quando os bispos formularam o seguinte voto: “Se Portugal fosse poupado da Guerra, erguer-se-ia sobre Lisboa um Monumento ao Sagrado Coração de Jesus”.

Igualmente associada a esta construção está o pedido que os prelados dirigiram a Deus para que o Estado reconhecesse a liberdade da Igreja, prece que meses mais tarde teria um resultado positivo com a assinatura da Concordata.

“Os bispos de 1940 foram padres em 1910 e viveram na pele a perseguição à Igreja, e daí essa preocupação”, explicou o reitor do Santuário, que se dedica a ele praticamente em exclusivo e que é o primeiro a residir nas suas instalações.

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Agência ECCLESIA

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