Procissão do Enterro, realizada sem qualquer iluminação, é considerada o ponto alto das celebrações
Numa teia de ruas estreitas por entre o branco casario barrado a azul sulfato, amarelo ocre e “sangue de boi”, pincelado de flores nos muros, bermas e janelas, a belíssima vila medieval de Óbidos revive, todos os anos, intensamente, na Semana Santa, a sua tradição histórico-religiosa.
Senhora de uma história antiga, dote das rainhas de Portugal entre os séculos XIII e XVIII, Óbidos, “Vila de Rainhas”, soube desenvolver-se preservando a sua história através dos tempos, como é bem patente nas palavras de Ramalho Ortigão: “Restabeleçam sobre os alicerces que ainda existem alguns dos velhos edifícios arrasados pelo terramoto de 1755; suprimam não mais de uma dúzia de construções deste século; dêem ao que fica a ligeira restauração cenográfica de alguns detalhes arquitectónicos; e, sem tocarem na disposição geral das ruas e no agrupamento das casas, aqui têm Óbidos, fielmente e integralmente ressuscitado, um velho burgo português de há trezentos anos”.
A Semana Santa é o ponto alto do calendário religioso e cultural na Vila de Óbidos. Um acontecimento religioso importante para comunidade local assim como para os vários milhares de peregrinos e turistas, que assistem às imponentes cerimónias.
Na Sexta-feira Santa vive-se a Procissão do Enterro, realizada sem qualquer iluminação, a não ser os archotes que ardem nas mãos de jovens que se colocam em pontos-chave do percurso processional. Esta cerimónia, não estando determinada pelas rubricas do Missal Romano, estabeleceu-se em Portugal pela devoção dos fiéis no século XV e princípios do século XVI. Como manifestação cultural, é considerada o ponto alto das solenidades.
A abrir o cortejo, a personagem do “gafaú”, que representava o carrasco, com a cabeça coberta com um pano e transportando nas mãos um “serpentão” (um trombone de varas em forma de serpente), anunciava à multidão a aproximação do condenado. As imagens de Maria e do seu Filho encontraram-se em frente à Igreja de São Tiago, num momento de fortíssima emoção.
“Óbidos continua a ser palco de celebrações de acontecimentos de índole historico-religiosa. Evocando a Paixão e a morte de Cristo, a Semana Santa, que este ano se realiza entre 28 de Março a 4 de Abril, atrai à Vila de Óbidos muitas pessoas, unidas pela devoção ou, simplesmente, por curiosidade cultural e turismo religioso”, refere o site oficial do Município.
Programa Religioso e Cultural
31 de Março | Quarta-feira
21h00 – Recital: “Grandes Mestres da Música Sacra”. Peças de Haydn, Rossini, Saint-Saens, Pergolesi, Mozart. Sofia de Castro (Soprano), Inês Medeiros Khan (mezzo-soprano), Paulo Carrilho (tenor),Rui Baeta (baixo), Lilian Kopke (piano). Igreja de Santa Maria
1 de Abril | Quinta-feira
21h00 – Missa Vespertina da Ceia do Senhor. Igreja de São Pedro
2 de Abril | Sexta-feira Santa
10h00 – Ofício de Leituras e Laudes. Igreja de São Pedro
15h00 – Celebração da Paixão do Senhor
17h30 – Inauguração da Exposição: “Por Inspiração”. Exposição de Arte Cerâmica. Galeria da Casa do Pelourinho
19h00 – Via Sacra. Cerca do Castelo
21h30 – Procissão do Enterro do Senhor
3 de Abril | Sábado Santo
10h00 – Ofício de Leituras e Laudes. Igreja de São Pedro
18h00 – e Concerto Coral Sinfónico: “Stabat Mater”de Dvorák. Orquestra Filarmonia das Beiras e Coro Regina Coeli. Santuário do Senhor Jesus da Pedra
22h00 – Vigília Pascal. Igreja de São Pedro
4 de Abril | Domingo de Páscoa
17h00 Missa da Ressurreição. Igreja de São Pedro