Cem anos da pastorinha do Papa

A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos. Ficaram na História como testemunhas privilegiadas de um dos grandes acontecimentos espirituais do século XX, que ainda hoje atrai milhões de peregrinos de todo o mundo.

A mais nova dos três pastorinhos nasceu em Aljustrel, no dia 11 de Março de 1910. Pouco depois das aparições, Jacinta Marto morreu em 20 de Fevereiro de 1920, no Hospital de D. Estefânia, em Lisboa, após longa e dolorosa doença. Foi beatificada em Fátima, por João Paulo II, a 13 de Maio de 2000, juntamente com Francisco.

No dossier que a Agência ECCLESIA apresenta, a Irmã Ângela de Fátima Coelho, Vice-Postuladora da Causa de Canonização de Francisco e Jacinta Marto, escreve: “Tentando encontrar uma imagem que exprima os traços próprios da Jacinta surge-nos o coração, porque toda ela é marcada por uma paixão que conduz as suas escolhas e a sua forma de viver. Certamente que falamos do coração em sentido bíblico, que “significa o centro da existência humana, uma confluência da razão, vontade, temperamento e sensibilidade, onde a pessoa encontra a sua unidade e orientação interior”. O coração fala-nos de uma forma profunda de ver a vida e de pensar os acontecimentos”.

“Na Jacinta encontramos uma característica pouco comum em crianças da sua idade e muitas vezes ausente na sociedade actual. Falamos da sua tendência para interiorizar as experiências que vivia, para meditar no significado dos acontecimentos, para encontrar razões para o seu agir. Nesta criança é marcante uma grande interioridade e profundidade. Esta sua atitude pode ser percebida em diversos momentos da sua vida”, prossegue.

Para o Pe. Jacinto Farias, professor de Teologia na UCP, o centenário do nascimento da Jacinta “deve ser uma oportunidade para avivar entre nós o sentido da Igreja como corpo místico de Cristo e os grandes temas da escatologia, especialmente da escatologia intermédia, cujo esquecimento ou não consideração põe em causa o sentido e a compreensão do presente”.

“Além disso, seja uma ocasião para incentivar nas comunidades a prática da adoração reparadora. A adoração reparadora e a contemplação das realidades últimas não alienam o homem do mundo; pelo contrário, oferecem-lhe a possibilidade de ver toda a realidade partir do sentir de Deus”, acrescenta.

Dário Pedroso, padre jesuíta, refere que “a Jacinta entendeu bem, na visão que lhe foi dado contemplar, que o Papa sofria muito, que necessitava de orações. Escreve o  director do Secretariado Nacional do Apostolado da Oração que Jacinta ficou “apaixonada” pelo Papa.

“A paixão pelo Papa levava-a a rezar muito pelo Santo Padre, a sacrificar-se por ele, mesmo, ao que parece, sem saber bem quem era e que nome tinha”, sublinha o Pe. Dário Pedroso.

No contexto das comemorações do centenário do nascimento de Jacinta Marto, o Santuário de Fátima vai realizar, além de outras iniciativas, um congresso sobre esta criança, que decorrerá de 4 a 6 de Junho de 2010, no Centro Paulo VI, do Santuário de Fátima, e terá como título “Jacinta Marto: Do encontro à compaixão”.

Segundo a organização, o evento “será uma boa oportunidade para abordar a mensagem de Fátima a partir da espiritualidade da vidente Jacinta, procurar conhecer melhor a sua personalidade e também identificar alguns elementos relevantes da sua atitude interior”.

Também em Fátima, o  Departamento de Arte e Património (DAP) do Santuário prepara uma exposição sobre esta figura. A inauguração da exposição, que ficará patente no vestíbulo do convivium de Santo Agostinho, na igreja da Santíssima Trindade, decorrerá a 11 de Março.

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Agência ECCLESIA

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