László Ando, Comissário Europeu do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão, analisou o problema com uma delegação da Conferência Episcopal Portuguesa
O Ano Europeu para a Erradicação da Pobreza e a Exclusão Social será uma ocasião para despertar consciências para a realidade da pobreza. Esse o objectivo apontado pelo Comissário Europeu do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão, László Andor, num encontro que manteve com a Delegação da Conferência Episcopal Portuguesa em visita às instituições europeias.
Na Europa, o problema agrava-se, estando hoje em risco de pobreza um em cada seis europeus.
O número de pobres ultrapassa os 80 milhões (2 milhões em Portugal).
Para o Pe. Lino Maia, a razão fundamental para essa realidade deve-se ao facto de se terem promovido “mais transferências financeiras do que a atribuição de competências”. Interpelando o Comissário Europeu, Lino Maia lamentou que o ano 2010 não seja um ano de comemoração pela diminuição da pobreza na Europa, como previsto na Estratégia de Lisboa. Neste ano, esses objectivos remetem-se para outra Estratégia, a “Estratégia 2020”, em definição nas instituições da Europa.
Para combater a pobreza, o Presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade (CNIS) deixou propostas ao Comissário Europeu: apoio à família, a educação e políticas de integração. Três sugestões que estão em sintonia com prioridades assumidas por László Andor diante delegação da Igreja Católica em Portugal. “A rede familiar é a rede social fundamental”, referiu o Comissário húngaro.
Para este Comissário, é preciso descobrir as lacunas do modelo económico e social que tem estado em vigor nos últimos anos. “Temos de mudar muito nesse modelo europeu” referiu László Andor, que desafiou as organizações não governamentais a não deixarem tudo aos mecanismos de mercado.
No Ano Europeu para a Erradicação da Pobreza e a Exclusão Social, o Comissário para o Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão referiu que as políticas de luta conta a pobreza serão definidas a partir dos contributos das organizações que trabalham no terreno, também as da Igreja Católica. “A UE dispõe de muitas plataformas para essas auscultações”, referiu. Nesse sentido, László Andor manifestou disponibilidade para ouvir as Igrejas, na consulta aos estados-membros no âmbito da Estratégia 2020.
A reunião com o Comissário Europeu do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão encerrou um programa de diálogos que a delegação da Igreja Católica em Portugal (composta por cerca de 40 elementos) desenvolveu na Comissão Europeia, onde teve a oportunidade de realizar um jantar/debate com o Presidente da Comissão, José Manuel Durão barroso, e no Parlamento Europeu, onde realizou um Seminário sobre as relações Igreja-Estado, que contou com representações dos eurodeputados dos diferentes partidos portugueses.
A deslocação desta delegação aconteceu por convite do eurodeputado Mário David. Em cada ano, cada um dos eurodeputados presentes no Parlamento Europeu pode dirigir 100 convites a pessoas dos respectivos países para visitarem as instituições europeias. Foi no âmbito deste programa que o eurodeputado do PPE decidiu, desta vez, convidar uma delegação da Conferência Episcopal Portuguesa.