Economia que não está centrada no homem gera crise

«Se os valores humanos tivessem sido respeitados não estaríamos mergulhados na crise de hoje», defendeu José Henrique Silveira de Brito, na abertura da Jornadas Tetonianas, que terminam este Domingo na vila de Monção, dedicadas aos “Desafios da Igreja a um mundo em crise”.

Este professor da Faculdade de Filosofia, especializado em Ética Empresarial, fez uma análise da actual situação a partir das constatação que das diferentes crise que a sociedade portuguesa atravessa. Contudo, «hipervaloriza-se» a crise económica o que denota a urgência de «formar as pessoas em valores humanos» para se perceber que uma economia que não tem o homem como fim último não passa de «exploração económica».

Silveira de Brito não desvaloriza a crise actual e as consequências, aliás, estas são tão dramáticas que, segundo estudo divulgados e «não desmentidos», «seremos ainda nós a pagar a factura e não os nossos netos», como vários economistas vinham a defender.

No entanto, é necessário olhar para as outras problemáticas que envolvem a «felicidade» do homem, nomeadamente o amor, a cultura e, finalmente, o trabalho. Porque, contas feitas, a crise resulta de uma só coisa: «falta de educação moral»

No nosso país a degradação da cultura é constante e o «ensino estatal» não transmite um quadro de valores que permita uma «vida harmoniosa». Constata-se, sublinhou, que apesar da democratização do acesso e tantas reformas levadas a cabo, o nível médio de preparação dos alunos é «bastante baixo». Urge recuperar o nível do ensino porque «o país precisa disto como de pão para a boca».

A qualidade estética, ética e cultural, se o padrão são as novelas e outros formatos televisivos, até mesmo o jornalismo actual estão pelas ruas da amargura. «Se a vida afectiva dos portugueses é a que a comunicação social trata, triste gente a nossa», lamentou.

Depois é necessário entender que a actividade económica é um meio que está ao serviço do homem para lha satisfazer as necessidades por isso é que «é em função do homem que se devem abrir empresas». Neste contexto, defende, é necessário implementar uma «ética amiga da pessoa».

Daqui, este especialista em Ética Empresarial, abriu a reflexão à questão do trabalho que «não pode ser pensado como se fosse mero meio». Este tem, resumidamente, três funções fundamentais: realização pessoal, integração social e ganhar o pão de cada dia.

Para Silveira de Brito o trabalho, da forma como hoje está estruturado, não permite alcançar estes objectivos, aviltando o homem e tornando-o menos humano.

Esta noite, no salão paroquial da vila de Monção, intervém o padre Domingos Lourenço para apresentar a “Doutrina Social da Igreja sobre a ordem económica”.

Paulo Gomes

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