Sociedade tem «longo caminho a percorrer» na domínio da Justiça

Mensagem do Bispo de Aveiro para a Quaresma

“Todos sabemos que aquilo de que a humanidade mais precisa não lhe pode ser garantido por lei”, assinala D. António Francisco dos Santos na mensagem quaresmal deste ano.

Partindo do texto escrito por Bento XVI para este tempo litúrgico, o bispo de Aveiro sustenta que “só Deus” fará compreender “os horizontes novos, inesperados e surpreendentes da justiça, inaugurados pela Páscoa”.

A passagem da morte para a ressurreição de Cristo é o primeiro modelo de justiça, na medida em que o “justo é capaz de morrer pelo culpado para que o culpado receba em troca a bênção do justo”.

Os exemplos bíblicos são retomados na alusão às estruturas judiciais. “Todos clamamos por mudança de sistemas e sentimos a complexidade das leis, o seu distanciamento dos valores da vida e a morosidade da justiça humana”. Neste sentido, “não basta a existência da lei nem a sua aplicação para que sejamos resposta e amparo, segundo as bem-aventuranças, para os que têm fome e sede de justiça”, acrescenta o prelado.

“A sociedade tem, no campo específico da justiça como noutros horizontes da vida, um longo caminho a percorrer”, considera D. António Francisco dos Santos.

Perante “os clamores do povo e as situações concretas de injustiças humanas”, o que pode a Igreja fazer? “Os cristãos são chamados, pela abertura de coração, pela verdade da fé e pela transparência da vida, a contribuir para instaurar a justiça no coração da cidade dos homens e mulheres do nosso tempo”.

No primeiro parágrafo da mensagem, o prelado centra-se na dimensão espiritual da Quaresma. Depois de recordar que a diocese atravessa a segunda etapa do Plano Pastoral – dedicada ao tema “A fé, fundamento da Esperança” – D. António Francisco dos Santos partilha a convicção “de que tudo é possível a quem crê e por isso queremos despertar para uma vida nova e testemunhar a nossa fé com alegria e verdade”, indica o prelado.

Para que a Páscoa ofereça todos os bens que promete, é necessário “procurar com assiduidade a Palavra de Deus”, “fortalecer a vida com o sacramento da Penitência e da Eucaristia” e “mobilizar as comunidades para crescerem na maturidade da fé e no compromisso cristão”, sublinha o texto.

O quarto número do documento evoca as dificuldades económicas sentidas em Portugal e no mundo. O bispo de Aveiro chama a atenção dos seus “amados diocesanos” para as histórias de vida de “todos os que batem à nossa porta ou a muitos outros que se escondem no anonimato da sua pobreza e se vestem com a tristeza da sua miséria”. Estas situações, indica o prelado, “devem tornar-nos mais atentos e acolhedores, mais disponíveis e solidários”.

Neste sentido, a mensagem exorta as comunidades a uma “generosa renúncia quaresmal”, que será destinada à Igreja de Cabo Verde e ao Fundo Diocesano de Emergência Social. D. António Francisco dos Santos lembra ainda que é preciso ajudar o “povo mártir do Haiti” e trabalhar para minorar as provações de “muitos dos que vivem ao nosso lado”, no contexto do Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social.

O presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios termina a mensagem com uma referência ao Ano Sacerdotal, que, juntamente com a visita do Papa a Portugal, “devem ajudar-nos a viver esta Quaresma e o Tempo Pascal com a consciência de sermos povo santo” e “fermento de um mundo novo e melhor”.

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