Papa condena abusos no clero irlandês

Bento XVI qualificou como “um crime abominável” e “pecado grave” o abuso de crianças no seio da Igreja Católica na Irlanda, denunciando o falhanço das autoridades religiosas, durante anos, para pôr cobro a esta situação.

A posição foi assumida em comunicado, publicado pela Santa Sé, após o encontro com os 24 prelados, que decorreu a 15 e 16 de Fevereiro. Anteriormente, a 11 de Dezembro, tinham estado no Vaticano o presidente da Conferência Episcopal Irlandesa, Cardeal Sean Baptist Brady, Arcebispo de Armagh, e D. Diarmuid Martin, Arcebispo de Dublin, para avaliar a situação da Igreja no país depois da publicação do relatório da Comissão Murphy, a respeito dos abusos cometidos por padres de Dublin sobre menores.

O relatório, que descreve detalhadamente os casos de abuso na arquidiocese de Dublin entre 1975 e 2004 e a resposta da Igreja e das autoridades do Estado a estas acusações, foi publicado no dia 26 de Novembro de 2009 por uma comissão de investigação independente, após três anos de indagações supervisionadas pela juíza Yvonne Murphy.

Bento XVI observou que “o abuso sexual de crianças e jovens não é apenas um crime abominável, mas também um grave pecado que ofende a Deus e fere a dignidade da pessoa humana criada à sua imagem”.

O Papa solicitou aos Bispos que tratem “com determinação” os problemas do passado, para resolver “com honestidade e coragem a presente crise” e “cuidar dos que foram abusados, encorajando uma renovação da fé em Cristo e o restabelecimento da credibilidade moral e espiritual da Igreja”.

Assinalando que “o enfraquecimento da fé contribui de modo significativo para o fenómeno do abuso sexual de menores”, Bento XVI pediu que “aos candidatos ao ministério presbiteral ou à vida religiosa – assim como aos já ordenados ou professos – se assegure uma sólida preparação humana, espiritual, académica e pastoral”.

Segundo comunicado do Vaticano, os bispos irlandeses, o Papa e os principais responsáveis da Cúria Romana debateram “a grave situação que surgiu na Igreja da Irlanda”.

“Conjuntamente examinaram a incapacidade revelada ao longo de muitos anos pelas autoridades da Igreja da Irlanda para pôr efectivamente cobro aos casos envolvendo o abuso sexual de jovens da parte de padres e religiosos irlandeses. Todos os presentes reconheceram que esta grave crise provocou uma perda de confiança na liderança da Igreja e afectou gravemente o seu testemunho do Evangelho e o seu ensinamento moral”, pode ler-se.

O documento assegura que os bispos “falaram francamente dos sentimentos de sofrimento e angústia, traição, escândalo e vergonha referidos em numerosas ocasiões por aqueles que foram vítimas de abusos”. Aludiram ainda ao “apoio actualmente assegurado por milhares de dedicados leigos especialistas, a nível das paróquias, para garantir a protecção das crianças em todas as actividades da Igreja”.

Os bispos tiveram a oportunidade de examinar e debater o esboço de uma Carta Pastoral do Papa aos católicos da Irlanda. Bento XVI completará agora esta sua carta, que será publicada na Quaresma (que hoje se inicia e se conclui a 1 de Abril), indicou o Vaticano.

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