Realidade ainda é pouco conhecida no nosso país João Paulo II recordou no passado fim-de-semana o trabalho dos diáconos permanentes que, segundo afirmou, fazem com que a Igreja possa aproximar-se da vida quotidiana de muitas pessoas. O Papa falava a um grupo de bispos franceses recebidos em visita “ad Limina”, tendo considerado o constante aumento do número de diáconos permanentes, “na sua maioria casados”, como um sinal de esperança. Após agradecer o apoio dado a este ministério pelas “esposas e filhos”, João Paulo II manifestou o apreço que sente por estes diáconos, “pois em muitas ocasiões estão em contacto com ambientes muito afastados da Igreja”. “Os diáconos permanentes, apresentam um rosto característico da Igreja, a qual tem prazer de estar próxima do povo e de sua realidade quotidiana para enraizar na vida o anúncio da mensagem de Cristo”, reconheceu. Na Igreja do Ocidente o ministério dos diáconos floresceu até o século V. Por diferentes razões, declinou depois lentamente até o ponto de que este ministério chegou a ser tão só uma fase intermediária para os candidatos à ordenação sacerdotal. O Concílio Vaticano II abriu o caminho para restaurar este ministério como “grau próprio e permanente da hierarquia”, permitindo que possa ser conferido a homens em idade madura, já casados. Com a carta apostólica “Sacrum diaconatus ordinem” de 1967, o Papa Paulo VI estabeleceu as indicações conciliares, criando as regras gerais para a Igreja Latina. No ano 2001 em todo o mundo, havia 28.626 diáconos permanentes diocesanos e 578 diáconos permanentes religiosos, segundo o Anuário Estatístico da Igreja. Os dados da Conferência Episcopal Portuguesa referem, para esse mesmo ano, 125 diáconos permanentes no nosso país. De acordo com o Secretariado Geral da Conferência Episcopal Portuguesa (Anuário Católico de Portugal 2003), o nosso país conta com 9.404.000 católicos para um total de sacerdotes que ronda os 4.300. A relação é, assim, de 1 sacerdote para cada 2.200 católicos. Apesar desta situação, a esmagadora maioria das paróquias é administrada pastoralmente por sacerdotes (4.322) e apenas perto de 40 (0,9%) são administradas por diáconos, religiosas e leigos. No mundo a proporção de sacerdotes para cada católico é de 1 para cada 2.600. A ligeira subida registada ultimamente no clero diocesano é contrabalançada pela queda vertiginosa no número de sacerdotes religiosos. D. Manuel Madureira Dias, Bispo do Algarve, escreve a este respeito para o semanário n.º 946 da Agência ECCLESIA: “é óbvio que a maioria das nossas comunidades cristãs, em suas estruturas, ainda se encontram longe dos dinamismos comunitários, e dos trabalhos de conjunto (em equipa) que tendem a tornar-se norma, mesmo na sociedade civil. Temos bem clara a doutrina sobre esta matéria. Mas não é fácil passar da doutrina à sua prática. Há muitas barreiras a vencer: requerem-se novas atitudes, quer no clero, quer nos fiéis leigos.” “A entrega, de comunidades, a leigos, ainda que sob a responsabilidade última de algum Pároco, é muito positiva e abre a experiências de prática comunitária futura, que se prevêem bastante eficazes”, acrescenta.
