Cristianismo tradicional «não tem força suficiente para transmitir a fé»

O bispo de Santarém, D. Manuel Pelino, reconhece que há mais dificuldade em que as crianças e os jovens dêem importância à catequese e “cheguem ao Crisma com convicções”. O prelado constata igualmente que a secularização chegou ao “mundo tradicionalmente cristão das nossas aldeias”.

“Preocupa-me a instalação num cristianismo tradicional”, sem que haja, por vezes, “uma consciência clara de que é preciso uma fé mais esclarecida e empenhada”, afirma.

Estas realidades “põem em questão o nosso cristianismo tradicional, que não tem força suficiente para transmitir a fé às novas gerações”. A análise do prelado foi feita ao programa “No Caminho das Dioceses”, da Rádio Renascença.

Perante o decréscimo do número de pessoas que se consagram à vida consagrada, na diocese de Santarém “e em todo o mundo”, D. Manuel Pelino pensa que “é preciso tornar a proposta vocacional mais forte e audível neste mundo de ruído”. A Pastoral dedicada a esta área deve ser “mais bem organizada, reflectida” e “dinâmica”.

A organização de actividades relacionadas com a visita de Bento XVI a Portugal “vai ficar muito ao critério das pessoas, paróquias e grupos”. “Temos a peregrinação [diocesana] a Fátima um Domingo antes [da passagem do Papa pelo santuário]. Já estava programada”, pelo que “não vamos cancelá-la”.

“É uma alegria que o Papa nos venha visitar”, refere D. Manuel Pelino. “Apesar da idade, é um homem muito profundo e que nos ajuda a ter uma fé inteligente, em confronto com a cultura”, “questão que nos deve preocupar a todos”.

No que diz respeito à vida política, o prelado considera que a nível nacional há “muita gente que procura um lugar” e “relevo pessoal”. A apreciação é bastante diferente quando olha para a realidade local: “Admiro os jovens autarcas. Noto gente trabalhadora e sacrificada”.

A nível social, D. Manuel Pelino está apreensivo com o medo, a desconfiança e a falta de segurança. No âmbito económico, o bispo de Santarém pensa que as desigualdades têm vindo a acumular-se.

O prelado está convencido de que os casos de corrupção “são sintomas de que, muitas vezes, a concepção de liberdade e a falta de princípios seguros da ética, que têm a ver com a fé em Deus, levam a uma certa desorientação”.

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Agência ECCLESIA

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